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quinta-feira, 1 de setembro de 2011
Uma Noite de Primavera
Ele olhava para o celular e não se importava muito com o que se passava ao redor naquele bar.
Sequer sabia a razão de estar ali. Mas estava. Não esboçava emanar simpatia gratuita e tão pouco dirigia o olhar a algo específico. Parecia um turista em terra estranha.
De repente um vulto e um cabelo milimetricamente cuidado lhe chamaram a atenção.
Era impossível ver o rosto que ostentava o penteado alinhado e o corpo perfeito. Ela estava de costas.
Bradou pra si mesmo: “santa perdição! Se eu pudesse...”
Naquele instante ela deu uma guinada e ele pode ver a magia absoluta através de um olhar lindo que lhe chamara tanta atenção e cada vez mais se convencia que a bela imagem seria somente admirada, e nada mais.
Distraiu-se com o celular e num instante aquela bela mulher já não estava. Lamentou.
Pôs-se a levantar em busca de um trago e ao fazer a volta no estreito corredor recebeu um pisão na ponta do dedo junto com um esbarrão. Nessas horas que se admite a cumplicidade do Cosmos com o desejo. Porque a dona do cabelo inconfundível encabulada lhe pediu desculpas. Retribuiu com um sorriso, e se lixando se doía ou não a convidou para um drinque. Foi a melhor dor do universo!
Todas as conversas que se seguiram desde então traduziam um encontro que tinha ares de estar previamente marcado. Não se sabia onde ou por que, mas o destino os levava a algum ponto qualquer, parecido com o oceano em busca do céu. O limite não tinha lógica alguma.
Até acontecer a inevitável primeira noite.
Do alto de sua experiência tinha total ciência que deveria saber como lidar com o vaso de porcelana chinês que trazia em mãos. Pensou em Dustin Hoffman, na primeira noite de um homem e seduziu. Era preciso. Aquela Deusa de Negro não cairia num conto qualquer. Era inteligente, sagaz e perceptiva demais pra cair num canto do cisne sem graça.
Porque a idéia era conflitante com o que hoje se entende por encontros. Ela a queria, pra ele, pra sempre, como um todo.
E aquele quadrado mágico rodeado de espelhos e com uma linda banheira próxima a cama era o pedaço mais valorizado do universo naquele dia. Foi então que ele tremeu. Quem sabe o coração quarentão não estivesse pronto para viver aquele tipo de sentimento, mas como ele se preparara a vida toda pra viver a melhor de todas as fantasias que havia sonhado não se deixou abater.
Desembrulhou pernas perfeitas enrolando a meia fina de seda para baixo. Pôde contemplar a olhos nus o que a natureza havia desenhado com extrema relevância. Os pés irretocáveis davam um contorno final a todo o contexto emanando volúpia. E lá estava ela com o busto desnudo como tivesse sido esculpida durante anos em que esperou por aquele dia.
Imaginou o fetiche. A parceria estava numa tira de roupão e com ela amarou-lhe as mãos.
Ela consentiu com um breve sorriso enquanto ele explorava cada pedaço de pecado que tinha diante de si. Chamou-a ao orgasmo, uma, duas, várias vezes. Ela palpitava doses de tesão como quem toma um Martini.
Nem se importou quando ela sem qualquer delicadeza livrou-se das amarras e iniciou uma cavalgada sem fim. Àquelas horas estavam destinadas a que o prazer fosse todo dela, porque o maior dos gozos que ele poderia sentir aconteceu quando cruzou a porta.
Daquela noite levou uma fotografia de um sorriso no celular. Eternizou o momento num simples registro do que foi uma noite fria de começo de primavera.
Sabia que haviam feito um pacto de cumplicidade que o tempo seria incapaz de destruir, e nem mesmo qualquer desistência mudaria o destino traçado por eles naquele dia.
Passado tanto tempo eles conservam o amor e o desejo que construíram através de olhares e doses exatas de fetiche bem feito. Hoje ele a pediu em casamento e ela anda pensando no assunto.
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11 comentários:
hummm ameii essa história. tava com saudades do SR.
petbeijos...
depois de uma noite dessas ela ainda está pensando no assunto?
eu aceitaria correndo =)
beijos da aninha
Fala grande parceiro ACM
Esse cara tá maluco?
Casar pra que?
Deixa a festa rolar, mulher tem aos montes no mundo e casamento é coisa muito óbvia. Garanto que se casar as noites quentes vão pra cucuia. Yes!
Abraço
Bond
dogpet
Uma história linda e totalmente real.
Obrigado pela visita
Beijos
ACM :)
Aninha
Não foi apenas uma noite, foram várias. Digamos que essa, do relato, foi especial demais por ser a primeira.
Pois é, infelizmente ela ainda não se decidiu, embora ele ande insistindo.
Beijos
ACM :)
Fala Brother Bond
Aqui tem um aspecto primordial: em se tratando de fetiches, ela é o chinelo e ele o pé cansado...
Acho que pra ele o casamento aqui é apenas consequencia, mas nada tem de óbvio. Mas, como eu disse no texto, ela está pensando no assunto.
Valeu amigão.
Se for dia 6 na festa do Saulo eu te vejo por lá.
Abraço
ACM
(Primeira Ressalva): achei lindo este artigo. Para quem lê fica a impressão de conhecer cada pedacinho da história (que você afirma ser real) e provoca suspiros no final. Perfeito.
(De mais a mais): que me desculpe o leitor Mister Bond, mas banalizar o casamento, a união de duas pessoas que segundo os fatos aqui se completam é machismo descontrolado e fora de contexto.
Não se compara o casamento como instituição e a vontade de ficar juntos. Sou bem casada há mais de dez anos e não vejo motivos para que se coloque o casamento como fator impositivo para a felicidade e cumplicidade no sexo.
Seu comentário foi extremamente infeliz!
Abraços ao blogueiro: Sylvia
Prezada Sylvia
Obrigado por seu comentário
ACM
Sylvia, infelizmente voce é casada o que é uma pena pois pretendia te pedir em casamento apos seu comentario
Bond
Mas de tudo, o que deixou essa história mais magnífica com certeza foi a maneira como ela foi contada. Se foram as palavras do ACM que estão em perfeita sintonia ou a fantasia da personagem principal que foi descrita o mais próximo possível da sensação vivida, isso não importa, pois o texto é prazeroso. Sem mais.
Anônimo
Perfeito seu comentário.
E agradeço as palavras.
ACM
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