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segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Gostar por gostar
Então fica muito difícil responder por que se gosta tanto de alguma coisa.
Mas vá lá que eu tenha decidido torrar a cuca e pensar numa forma de expressar um sentimento?
Porque aquilo que está dentro de nós se exterioriza melhor enquanto forma viva, sem retoques, direta e, principalmente, participativa.
Ora, gostar de bondage é bem simples. O sujeito começa se apaixonando pelas heroínas em perigo num programa de televisão qualquer ou numa revista. Parece simples, é verdade, mas com o tempo ele precisa estender este tipo de sentimento à sociedade onde vive.
Daí o garotão brinca com as primas, com as coleguinhas de rua e pratica em silêncio com o tesão reprimido dentro de uma brincadeira banal. Ninguém desconfia e ele dessa forma ultrapassa os anos de adolescência como uma pessoa de um bairro qualquer.
Porém, chega uma hora em que o calor começa a aumentar e a masturbação não é mais a única fonte de saída possível para sua aventura que aflora. As namoradas vêm e vão e a vergonha de se expressar permanece. Passa o tempo, ele se cobra, estabelece prazos e limites, mas nada o faz se decidir.
Os inevitáveis conflitos aparecem, se multiplicam, e o adulto já não sabe se é bom ou mal seguir enraizado nas suas brincadeiras infantis. Sente saudades de quando tudo era fantasia de guri, onde as coisas davam certo e ninguém imaginava o que se passava entre pensamentos.
E quando ele vence a primeira batalha é normal imaginar que todas que virão serão barbada, moleza absoluta, que se deu certo de cara nada o impedirá de seguir com seus planos ousados. Porque um praticante de bondage não precisa de submissa, de dominadora, de masoquista, ele apenas busca uma mulher como qualquer outra que passa na rua e lhe dirige um olhar. Lá fora, na terra do Tio Sam, tal coisa é tão normal que se intitulou chamar a garota que pratica bondage de “girl next door”. Mas a briga é aqui, num lugar onde tudo é proibido até de pensar e se já não existe vergonha de falar do desejo ainda há uma imensa batalha esperando na próxima esquina: transformar a paixão ideal na mais bela parceira fetichista que o universo colocou nas mãos.
É tempo de estabelecer um critério, ou seja, encontrar uma fórmula que possa unir os dois pólos num mesmo destino. Ela e o fetiche. Complicado? Mas não era apenas mais uma simples batalha? Pois é, o desafio parece infinito porque diversos fatores podem contribuir ou não para que exista o êxito total ou um fracasso iminente. Por conta disso, é preciso gostar do fetiche, gostar por gostar mesmo, ainda que signifique abrir mão de fatos e situações importantes em nome de um bem maior, de um sonho.
Claro que nem sempre essa regra funciona de forma perfeita e o praticante, o apaixonado pelo fetiche desde os primeiros passos, encara momentos de imensa frustração justamente por não alcançar a plenitude daquilo que idealiza.
Entretanto, o importante é saber lidar com isso. Não num instante de pura explosão, de altas doses de turbulência, e sim num momento de calma e raciocínio profundo. Na vida nada é fácil, e saber conviver com o desejo e a paixão para procurar uma maneira de encaixar os dois sentimentos somente após alguns deslizes pra se ter pelo menos alguma compreensão.
Mas quem sabe um dia você desperta de bem com a vida e topa com a plenitude na primeira avenida? Nunca se sabe, o destino costuma pregar peças e escrever o caminho por linhas totalmente tortas.
A relação do fetichista com o fetiche só não reserva lugar para o arrependimento. Mesmo diante de fatos desagradáveis, de experiências nada alentadoras, o tempo dispensado deve servir como aprendizado. E se existe uma matéria que os apaixonados por bondage podem ser considerados especialistas é a de saber dar a volta a este tipo de situação, porque
simplesmente gostamos demais!
Bravo VH, essa é pra você. Mas serviria pra mim, pro Carlos, pro Shinobi, pro Jonas...
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2 comentários:
Parabéns pela matéria, vc descreveu com detalhes a saga de um bondagista aqui no Brasil. Muitas vezes, nós que sempre damos a cara a bater, declaramos com simplicidade, maturidade e principalmente com paixão o nosso fetiche, perdemos coisas importantes, mas também ganhamos muito, mas o importante é que ao olhar para traz, temos a certeza que valeu a pena, e que faríamos tudo novamente.
Um gde abraço do seu irmão de sempre.
carlos Cabugueira
Terps, ah a Terps! Gosto dos seus textos, amigos! Agora, com ilustração "terpsiana", caramba!
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