segunda-feira, 18 de julho de 2011

O Encantador de Serpentes


Ele dava pinta de que um dia se postara nos corredores da rodoviária à espera de moças recém chegadas a uma metrópole para praticar a sedução. Tinha um punhado de argumentos prontos, frases feitas e uma alta capacidade de convencimento.
Assim se fez.
Um belo dia o BDSM lhe caiu no colo. Não se pode negar a imensa habilidade de construir um castelo sobre pequenos pormenores e, assim, atrair pessoas ao redor. Um homem maduro, conhecedor das suas próprias virtudes e, principalmente, com experiência necessária para lidar com o sexo oposto.
Certa vez disse assim: o bom do BDSM é a facilidade de se fazer conhecido no meio.
Usando determinada tática evoluiu. Aprendeu técnicas, falava com desenvoltura em encontros e pela Internet. Aos que argumentavam sobre a fragilidade de suas cenas ele alegava nervosismo de realizá-las em público. Mas sua lábia era realmente sua arma mais consistente.
Não havia encontro ou evento em que aparecesse sozinho. Intrigava aos demais. E independente de agradar a todos ou não, sempre criava seus números de forma particular. A única cerimônia ficava para o final. Uma ex-companheira de jornada BDSM me disse que se atrapalhava na hora de pagar a conta. Mexia daqui e dali e, por fim, não encontrava a carteira.
Porém, pouco se sabia do cidadão. Chamava a atenção que suas parceiras não eram freqüentadoras do nicho BDSM na época. Normalmente ele as introduzia e muita gente se perguntava sobre essa faceta do sujeito em angariar mulheres teoricamente baunilhas para o meio.
Uma dessas moças trazidas por ele se fez amiga de pessoas acostumadas a freqüentar os eventos e, certo dia, danou a se abrir com uma conhecida de longa data. Falou a respeito de chantagem através de fotografias, de grana sacada por conta dessa situação, ou seja, tal fato veio parar nos meus ouvidos e, ao mesmo tempo, de muita gente. Sabe-se que num ambiente de baixa freqüência as noticias se espalham...
Fossem os fatos verídicos ou não certo é que chamaram a atenção. E por uma estranha coincidência o cara deu um tempo nas aparições. Muita gente pirou com isso. Houve uma espécie de bafafá e naquele momento era extremamente necessária uma análise profunda dos fatos para evitar a sobrevivência de apenas uma versão da história. Muito se falou a esse respeito.
Passado algum tempo o intrépido reapareceu. Mas quem iria tirar a limpo um assunto que não lhe dizia respeito? Afinal, ele introduzia outra parceira desconhecida de todos e seguia realizando suas práticas em separado. Suas aparições, porém, se tornaram mais assíduas e ele se transformou num arroz de festa fetichista, desta vez com a parceira e uma suposta amiga lésbica.
O circo ferveu debaixo da lona. Junte-se a tudo o fato de BDSM ser um segmento de muita fofoca e verdades absolutas criadas a partir de simples boatos desconexos. Dá pra imaginar a gama de olhares atentos ao sujeito e suas criações.
Reza a lenda fetichista que algumas submissas cercaram a tal mulher no banheiro e lhe alertaram de fatos anteriores. Dizem que a tal mulher escutou atenta e depois nada de concreto se soube. Muitas histórias vieram à tona depois de sua ultima incursão no meio BDSM, inclusive com o aparecimento de supostas mulheres que teriam caído no conto do encantador de serpentes, mas nada foi oficialmente provado.

O tal cara desapareceu de vez. Seus escritos na internet foram apagados e o que restou ninguém mais se lembra do endereço eletrônico. Possuía um bom acervo. Se era derivado de práticas reais também é um incógnita.
Alguns amigos e amigas que lêem o blog devem lembrar o fato. Existiu, nada aqui é produto da minha imaginação ou fruto de uma historinha recebida por email. O caso serve de alerta a todos que se propõem a dar um passo adiante nesse universo fetichista, porque se há uma

imensa magia disponível no próximo encontro, tudo deve ser precedido de grande cautela, o que não faz mal nenhum.

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