quinta-feira, 7 de julho de 2011

Corpos e Mentes


É comum escutar pessoas falando quando atingem determinada idade aquela velha teoria de que gostariam de ter de volta seus vinte anos com a mentalidade dos quarenta. As mulheres usam este tipo de reflexão com mais freqüência, mas os marmanjos também soltam suas pérolas.
Claro que num contexto a coisa tem certo sentido. A sabedoria que a experiência produz funcionaria melhor num corpo mais jovem, e, normalmente, o afã da juventude às vezes inconseqüente teria seu parâmetro. Muito se discute sobre isso, ouve-se lamentos e desejos arfantes. De minha parte fico com a manjada frase do poeta romano Juvenal: mente sã num corpo são.
E os fetichistas, como reagem a este tipo de reflexão?
Talvez de uma forma geral houvesse mais energia em suas práticas quando mais jovens, ainda que não existisse tanta compreensão de seus próprios instintos. Porque as práticas fetichistas ou de BDSM necessitam de tempo para se tornarem perfeitas. A repetição é importante. Evita erros, remorsos e às vezes excessos. Embora eu também seja totalmente simpático à tese de que dando cabeçadas se acha o caminho.
Neste caso alguns desvios são compreensíveis e até favoráveis. Claro que é extremamente fácil olhar pra trás e afirmar que se pudesse faria de outra maneira. O tempo conspira a favor.
Entretanto, algumas oportunidades são únicas e muitas vezes elas não se repetem.
Então o certo a fazer é cair de cabeça. Tentar estabelecer metas e critérios aprendendo bastante para evitar prováveis arrependimentos. O que não é exclusivo dos jovens, haja vista que muita gente madura comete erros sucessivos sem importar a data de nascimento ou há quantos anos a identidade reside na carteira.
Porque alguns fetichistas necessitam do próprio tempo para encontrar a brecha que lhes faz pertencer a este universo paralelo. É o caso, por exemplo, de mulheres que aparecem submissas e depois se transformam em implacáveis dominadoras de corpos e mentes. E este aspecto independe da questão que engloba maturidade e juventude.
Eu aprendi as técnicas de bondage aos trinta e dois, embora fosse praticante antes de ter conhecimento de detalhes importantes. Mas e daí? Tudo que eu pratiquei antes ficaria relegado a tentativas inglórias de viver grandes momentos? Não, porque guardo incontáveis boas lembranças de tempos em que o fetiche significava apenas a busca do prazer, sem se importar se o que eu fazia seria considerado perfeito aos olhos alheios.
A minha visão sempre foi fundamental, de outro modo eu jamais perseguiria o aprendizado.
Seria mais importante trazer para este debate a própria relação do fetichista com suas práticas e tendências. Em casos específicos onde é necessária uma técnica apurada para praticar o que se tem em mente, o que prova que o acúmulo de experiências é amplamente benéfico, e nem sempre em pouco tempo de relação com o que mais gosta vai atingir a sua capacidade plena.
Portanto, aliar energia e sabedoria é a questão.
Nos dias de hoje devido a expansão dos meios de comunicação é possível alcançar um nível mais elevado de cultura fetichista do que há anos atrás. E isso facilita a busca.
A quantidade de informações processadas em redes sociais destinadas ao assunto é cada vez mais consistente, e credencia o fetichista a se habilitar ao conhecimento de suas práticas sem importar a faixa etária. É lógico que o amadurecimento contribui para a compreensão do individuo diante da causa, ou melhor, àquilo que ele se propõe.

No fundo, pouco importa se o praticante está na faixa dos vinte ou dos quarenta, dos trinta ou dos cinqüenta se ele não estabelece um vinculo efetivo com seus atos ao admitir participar de experiências sexuais, ou fantasias, ligadas ao BDSM.
O ideal é ter a mente sempre aberta a novas descobertas o que facilita a manutenção da energia corpórea em qualquer idade. Através da releitura de sua própria atuação cada vez que a pessoa se dedica a uma cena é mais fácil analisar profundamente como se comportar no próximo encontro.

6 comentários:

  1. Meu Insano Senhor,

    Sábias palavras.
    Grande mestre!

    Beijos desta Pequena Dama, Lollis Riviera.

    ResponderExcluir
  2. Minha Pequena Dama

    As palavras são como um reflexo do que a experiência de vida nos dá.

    Talvez sejam os primeiros indícios de uma doença chamda PVC (Porra da Velhice Chegando) que começa a se manisfestar por aqui...

    Beijos Sempre Insanos
    ACM :)

    ResponderExcluir
  3. Olá querido escriba,

    Pode parando..velhice!?!?!??!?! onde?!?!!? Ahhh me faça o favor de sair pela direita e de fininhoo...grrrrr..

    Bom falando da postagem, mais precisamente sobre a vivência das relações em si, eu acho sim que o tempo nos da mais sabedoria e alguns discernimentos mais precisos, como também acho que SM é assunto prá gente “grande”, pois nós os mais experientes, quase titubeamos nos percalços do caminho, imaginem enfrentá-los com pouca experiência.

    Agora sua tese “dando cabeçadas se acha o caminho” , nosssa vai exercitar o lado sado psicológico na Cochinchina por favor.....poxa tô aqui cuidando dos meus galos enormes ainda...afffff .....menos nobre bondagista, bem menos....rsss

    Em relação às praticas, sempre digo não sou contorcionista e sim uma singela subzinha.....quer espetáculo de contorcionismo, entra pro Cirque Du Soleil.....*pisc

    bjs espetaculosos

    ResponderExcluir
  4. Ternurinha, a velhice é apenas e tão somente um estado físcio, porque o que vale mesmo é a manutenção do espirito jovem.

    Desculpa amore, mas não concordo quanto a teoria de que BDSM é pra gente grande. Eu pratiquei aos vinte e hoje me delicio aos cinquenta. Acho que, como disse no texto, o afã da juventude pode trazer consequencias desagradáveis aos novatos, mas nada que os faça desistir.

    E as cabeçadas são inevitáveis, ontem e hoje, porque sempre há uma forma de aprender. Mas pode ficar tranquila porque um dia todos os seus galos desaparecem e as cabeçadas param de vez por todas.

    E as práticas...
    Isso é muito mais uma questão de visão que nada tem a ver com lógica.

    Bacana seu pitaco, ilustrativo como sempre.

    Beijos Realistas
    ACM :)

    ResponderExcluir
  5. Adendo
    Panela velha é que faz comida boa!

    Comentário fdp, mas o bom de ser uma Lolita é aproveitar o melhor dos dois mundos.

    Beijos desta Pequena Dama, Lollis Riviera.

    ResponderExcluir
  6. Pequena Dama, diria que depende da panela...

    Velha ou nova às vezes surpreende.
    Certo mesmo é a mão do mestre cuca!

    Beijos
    ACM :)

    ResponderExcluir