terça-feira, 1 de março de 2011

Viciados em Bondage (Sasha Cohen)


Por Léo Vinhas

É altamente improvável que qualquer leitor deste blog não conheça o Danger Theatre, blog que posta fotos, clipes e ilustrações bondagistas de grande qualidade (tanto técnica quanto fetichista), acompanhado por comentários breves, sensíveis e bem-humorados. E se você conhece, provavelmente já se sentiu familiarizado com sua criadora e gestora, a enfermeira norte-americana Sasha Cohen (ou Babygothgirl, ou BBG, ou Babyg). Seus textos tratam o bondage no estilo DID (damsels-in-distress, ou donzelas em perigo) com carinho e paixão, sem passar perto da pieguice ou da chatice monotemática de alguns aficionados.
Por que uma enfermeira se dedica a um blog tão completo – e que certamente demanda muito esforço – sem visar qualquer lucro? Por que uma mulher bonita (pelo que se pode ver nas raras fotos que ela publica), que teria um público cativo, não se atreveu a produzir seu próprio material? E por que uma lésbica assumida se preocupa em manter um blog cuja maior audiência é homens heterossexuais?
Perguntas tolas, é verdade, mas que certamente passam pela cabeça de quem acompanha seu Teatro do Perigo. Perguntas que podiam ser respondidas nas “Mondays Q’s & A’s” do site, mas que decidimos fazer diretamente a ela, via e-mail.

Por que você decidiu criar o Danger Theatre?
Eu o considero mais um passo em meu longo amor pela arena do bondage e a mitologia das donzelas em perigo. Ainda há alguns sites no ar, mas apenas uns poucos são gratuitos e NENHUM deles parece ter qualquer consideração pela história que leva às cenas que eles postam. Eu realmente vi uma necessidade de dar ao público um contexto a ser entendido em vez de apenas deixá-los às cegas,especialmente com o material que não é muito conhecido. Em outro nível, havia um desejo de superar os rapazes também.
Embora você tenha as Fetish Tuesdays, o que mais encontramos no Danger Theatre são cenas de filmes mainstream. O que há nesses filmes que torna o bondage mais excitante (ou pelo menos mais atraente)?
Creio que é simplesmente a sensação de desejo realizado pelos fãs deste gênero – isso é o mais próximo de qualquer trabalho fetichista que essas atrizes podem vir a fazer.Também há uma certa “honestidade”crua à tais cenas no cinema e na TV, onde não há riggers que se certificam de que tudo está perfeitamente amarrado.
Suas postagens já lhe renderam problemas legais?
Com meus clipes de filmes e TV nunca houve qualquer problema. Em relação ao material fetichista, houve apenas um produtor que me disse para postar nada dele e desde então eu evito postar clips ou fotos de produtores “sensíveis” aos seus direitos autorais. Por outro lado, aparecem sites menores que não têm muita exposição e que oferecem voluntariamente material para que eu os publique como propaganda gratuita.
Manter atualizações semanais é difícil, e você faz isso de graça. Não é a coisa mais comum nesses tempos materialistas. De onde vem a motivação?
Nem sempre é fácil, mas se eu não curtisse, eu não faria. Gosto do desafio que é rastrear clipes raros e obscuros para as pessoas apreciarem. É como uma caça ao tesouro esquisita. Também não sou fã de sites que te cobram para ver clipes extraídos da TV ou de filmes. Eu não vejo como pode ser legal cobrar as pessoas por clipes que você na verdade não possui.
Você sempre trata o tema de forma leve, gentil. É porque o bondage deve, antes de mais nada, ser divertido?
Não estou certa sobre o “antes de mais nada” mas acho que não precisamos levar tudo tããão a sério.Se você pode encontrar alegria de fato em algo, por que então se incomodar com isso?
A propósito: uma vez, quando você postou um video do YouTube em que garotas brincavam com silver tape, você escreveu algo como “rapazes, sejam legais nos comentários e elas podem ter vontade de fazer outros vídeos. Não sejam babacas”. Uma sugestão adorável – mas sabemos que babacas sempre serão babacas (risos).
A garota da brincadeira de amarrar do YouTube de hoje pode ser a diva do fetiche de amanhã ou só outra pervertida. Ou pode ser só uma fase boba que ela está passando. Quem sabe? Mas isso rola o tempo todo. Acho muito saudável que a molecada brinque desse jeito, é bom saber que o que eu fazia quando criança ainda acontece. É simplesmente uma pena que as pessoas tenham que projetar suas fixações sexuais adultas em algo que é essencialmente uma atividade inocente.
Se um garoto ou garota– como todos fomos um dia – sente que gosta de bondage, como ele pode descobrir um espaço na web sem achar que ele é um pervertido demente?
Dando um Google? Procurando no YouTube por vídeos de brincadeiras de amarrar também.
Já são três anos. Para onde o Danger Theatre vai?
Além de mais material, e melhor organizado, planejo seguir em frente. Gostaria de apresentar mais material DID Amador, feito em casa. Apenas pessoas se divertindo com cordas e mordaças.
Qual a maior conquista que você já teve nesses três anos?
Justamente a de que são três anos em que nunca, nem por um momento, pensei em abandonar o barco.

Você nunca pensou em entrar na indústria de bondage? Afinal, você tem bom gosto e imaginação para histórias, e um grande grupo de fãs. Por que não tentar?
De coração, já tenho um emprego que me paga muito bem e embora eu tenha brincado com a idéia e tenha feito umas investidas furtivas nessa seara, eu tenho essa garota que me ama muito e que prefere que eu não faça isso, e ela é a consideração mais importante.

As Fotos que ilustram essa super entrevista do Léo são do site da Vesta (Bondage Divas)

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