
Dizem que é uma neurose.
Outros apostam em timidez, medo, traumas, coisas que as pessoas arrastam pela vida e eclode na idade adulta. É fundamental a exclusão dos homossexuais.
Estamos falando da famosa “xotofobia”, ou no popular “medo de buceta”.
Mas isso não é um fetiche. Claro que não, mas existem casos onde o fetiche também contribui. Quer um exemplo?
Manel é podólatra. Daqueles loucos, fascinados por pés. Detalhista, chega a ser uma mala sem alça de tanto procurar uma perfeição que só existe dentro de seu próprio pensamento.
Se diz incapaz de esconder seus desejos perante a parceira e não mede esforços ou conseqüências para chegar ao objetivo. A sua cena perfeita é quando sua parceira usa sapatos fechados durante todo o dia, e ao chegar em casa, nem ouse em descalçá-los, porque ele faz absoluta questão de guardar as meias de nylon usadas dentro de um pequeno saco plástico para conservar o aroma dos sapatos.
Depois de retirados os sapatos, Manel pede que ela coloque uma linda sandália de salto tipo agulha para começar qualquer relação. Exigente ao extremo gosta de repetir o ritual diariamente e se mostra egoísta, sempre, pois realiza sua fantasia sem dar qualquer chance a sua parceira de ser coadjuvante.
Ele explica: “não divido o sexo. Costumo realizar o fetiche de foot job, ou seja, transo com seus pés. Beijo, adoro, faço carícias e cheiro até atingir o gozo. Contra a minha vontade, admito ter relações sexuais com ela ao menos uma vez por semana, e assim mesmo de forma obrigatória. O formato e o cheiro da vagina me causam desconforto”.
Este fetichista, um nobre cidadão respeitável, é um antibucetário.
Não costumo julgar, acho que cada um tem direito a ter seus próprios devaneios. No caso do Manel fica nítido que a fantasia não é compartilhada, ele coloca as cartas na mesa e ela aceita o jogo ou não, pelo menos é o que fica evidente neste relato. Quando ele diz que “aceita ter relações sexuais uma vez na semana” deixa claro que a vagina passa ao largo de sua preferência.
E vai além. Não suporta a introdução de qualquer outra manifestação fetichista em suas brincadeiras. Cordas, algemas, velas ou trampling, nada disso faz parte de sua fantasia. Ele gosta do desenho dos pés, do tratamento que a mulher dispensa para deixá-los sempre a seu gosto e de calçados. Faz questão absoluta de escolher tudo que a sua parceira usa para colocar nos pés.
Vivendo e aprendendo.
O universo fetichista é acima de tudo surpreendente. Quando se supõe saber de todas as taras e manias novos desejos aparecem do nada. E o Manel não é o primeiro que me fala sobre isso.

Confesso que há certa incoerência nestes fatos porque a inclusão do sexo oposto funciona somente como um objeto, uma figura inanimada sem direito a participar. Imaginar que alguém concorde com tais atitudes é difícil, porém não é impossível, já que na vida desses fetichistas existe sempre uma parceira.
Sou um fetichista confesso e assumido, mas dentre todas as minhas manias e preferência o órgão sexual feminino é parte importante e, sem ele, o fetiche não teria o menor sentido, afinal, como bem se diz por aí, tudo tem que acabar de maneira que agrade a gregos e “troianas”.
Eu como mulher jamais me sujeitaria a este tipo de relação.
ResponderExcluirMesmo gostando de fetiches acho que tudo tem que ser a dois.
Não achas?
Concordo com você ACM. Sem o órgão sexual feminino nosso fetiche não teria o menor sentido! Mas claro, respeito a preferência de cada um.
ResponderExcluirOi ACM, tenho um adendo aos seus comentários aonde eu gostaria de suas idéias e posição a respeito: Como "Bondagista", assim como seu amigo, fico doido ao ter a minha parceira completamente amarrada e posição de pernas bem juntas e amarradas me dão altos baratos... bom, como a questão mecânica obviamente mostra, não dá para transar assim.... então, na hora de transar, tenho que "diminuir" o lance... será que sou um "Antibucetário" também ? Como a galera do bondage lida com isso ?
ResponderExcluirDepois que vc desamarra sua parceira para começar a transa nao dá um queda para vc ?
Caro amigo Jonas Bond
ResponderExcluirValeu pelo excelente comentário.
Na verdade, diria que o texto fala sobre o comportamento de um podólatra, não um bondagista, que declaradamente se diz avesso ao órgão sexual feminino, principalmente quando deixa claro que "transa" por obrigação.
Nós, que gostamos de bondage, temos nossas cenas, nossas preferências. Eu também concordo que muitas vezes algumas posições de bondage "complicam" um pouco as coisas, mas daí damos um jeitinho. Eu também tenho meus dias de prazer sem penetração, como todos que gostam de bondage, mas prefiro enfocar como um detalhe, um dia, nunca como condição absoluta da forma que nosso amigo fetichista transparece em sua mensagem.
Estou contigo. Nem sempre dá pra ser completo e abrir mão de coisas boas é difícil, mas ter aversão é outro grau.
Te respondendo: dá sim, dá uma queda, admito, mas com jeitinho é possível mesclar.
Concorda?
Abraço!