segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Musica para os Ouvidos


Quando se fala em fetiches normalmente as imagens estão em primeiro plano. Através delas as sensações chegam até nós de forma instantânea.
Mas existem outros sentidos, que não a visão, que despertam o interesse dos fetichistas como olfato e audição. Sons e cheiros são capazes de levar o fetichista ao delírio em segundos.
Me lembrei de um fato há muito tempo atrás. Numa roda de amigos, alguém estava falando sobre ficar lesado, principalmente após uma bebedeira daquelas de arrastar um bode.
Uma das meninas falou que se sentiu sedada e amordaçada, sem possibilidades de reação.
Já nem me lembro em que estágio da conversa a frase foi proferida, só me recordo da sensação de estar escutando a musica que meus ouvidos queriam ouvir.
Conhecida há algum tempo, jamais tinha notado tanto predicado naquela garota antes de escutar as tais palavras. Bateu um revertério nas entranhas despertando um interesse tão feroz a ponto de tentar de todas as formas uma aproximação logo naquele dia.
Não deu em nada, mas fiquei com a certeza de que o fetiche desperta numa frase simples, principalmente quando vindo do sexo oposto, e encanta como um canto de sereia.
Normalmente palavras sussurradas numa relação sexual aumentam o prazer. Isso é fato, comprovado, atestado e carimbado. Misturado ao fetiche vira um abalo sísmico.
O comportamento do fetichista muda completamente quando ele se vê diante do que lhe fascina. A sedução é sinistra, funciona como um vírus de contágio imediato. Tanto que eu olhava pra garota já entrando em outro papo, em outra sintonia, e me via pregado numa cena imaginária ao vê-la sedada e amordaçada em algum quarto abandonado.
Ela jamais imaginaria que um simples comentário numa roda de amigos, num bar qualquer, fosse capaz de levar algum dos presentes a viajar por outra dimensão.
O pior é não poder parar a conversa levá-la a um canto e mandar repetir umas trezentas vezes a mesma frase.
Outras vezes o universo conspirou contra mim e até de mulher de amigo meu escutei palavras ligadas ao fetiche. Claro que foi preciso fazer ouvido de mercador, mas na seca, engolindo areia em pleno deserto, porque o caso é sério brother.
Cada fetichista tem seu exemplo quando palavras estão diretamente ligadas ao tesão.
Pergunte a uma submissa se a humilhação verbal não a excita?
Tudo que ela quer ouvir são palavras de ordem que a façam viajar pela fantasia de ser mandada, ter suas vontades restritas e seu sexo violado. Ao mesmo tempo, ato contínuo, ela retribui na mesma moeda e devolve a quem lhe domina frases implorando por uma clemência que ele só quer ouvir, mas não deseja atender. Por ele e por ela.
Esse é o jogo. Uma brincadeira entre adultos que combinam cada detalhe do que pretendem fazer.
Palavras inseridas no jogo significam o complemento da própria fantasia. É como um teatro onde atores interpretam um texto, uma obra inteira.
Pescar as palavras do lado de fora do mundo sexual fetichista é a grande questão. O despertar que provoca, as inúmeras fantasias que se imagina, mesmo que a chance de se tronarem reais seja igual a zero.
Há relatos que comprovam a tese de que algumas vezes dá liga.
Um amigo podólatra me contou que conheceu sua mulher num Shopping Center em época de Natal.

Tudo lotado, pessoas indo e vindo, quando ele avistou uma mulher cheia de embrulhos nas mãos que lhe pediu para segurar os embrulhos enquanto amarrava o cadarço do tênis.
Prontamente ele se ofereceu, desenrolou a conversa e hoje vivem felizes.
Pena que ele não gosta de bondage, porque amarrar o cadarço é um grande começo, depois bastaria usar o cordão para amarrá-la e as meias ou o próprio tênis como mordaça. Haja imaginação!

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