quarta-feira, 28 de abril de 2010

Como nos Velhos Tempos


Com todo esse clima que envolve a votação do Bondage Awards 2010 muita coisa passa ao largo, fica pelo meio do caminho e se bobear não volta.
Mas só o fato de ter plena consciência dessa possibilidade é sinal de que dá pra colocar no lugar algo que está fora do eixo.
A prova dessa tese se consumou ontem à noite.
Um amigo de longa data, fetichista de carteirinha e sócio do mesmo clube bondagista, havia enviado um email pra lá de interessante e minha mente me corneou de tal forma que passei batido sem notar. Não fosse a utilização da invenção de Graham Bell eu pagaria um mico imperdoável e de difícil aceitação futura.
Corri pra abrir minha caixa de mensagem após o telefonema e encontrei nas linhas um pedaço de uma época inesquecível, onde tudo sobre fetiche era improviso e relatávamos nossos casos em busca de conhecimento. O cinema ajudava, mas não instruía. Funcionava como ensaio, um aprendizado que servia para fazer igual ou tentar uma forma diferente e pessoal.
Seguindo à risca a letra de uma música da época que dizia “você precisa de um homem pra chamar de seu, mesmo que esse homem seja eu”, resolvi investir pesado na irmã do Nâna.
Ah! A irmã do Nâna...
Jóia rara. Posso afirmar que era uma das garotas mais cobiçadas naqueles anos pelos lados do bairro do Méier aqui no Rio de Janeiro. Ela passava e não trocava um olhar, apenas um “boa noite” mais seco que um Dry Martini. Chegava sempre num “carrão” diferente dos tantos admiradores que se espremiam pela chance de tê-la por uma noite apenas.
Mas no caminho havia uma festa e foi à coincidência que me levou a supor que o inatingível se tornaria possível quando aquela Deusa tomou suas primeiras doses.
É meu camarada, essa lembrança que você mandou em seu email me fez refletir antes de escrever aqui. Talvez porque tenha ressuscitado um sentimento perdido ou um misto de ousadia e vergonha que fica difícil começar...
Pra dizer a verdade, mesmo passados tantos anos não consigo entender como aquela mulher foi parar num motel comigo, e pra piorar, todo mundo sabia do que estava sucedendo porque ela própria tratou de bradar aos quatro cantos aonde iria, fruto quem sabe de seu estado etílico. Aliás, a irmã do Nâna estava quase em ponto de hipnose.
Como eu já estava também além dos meus limites, admito que a ousadia me fez levar a garota onde eu queria, ao mesmo tempo em que a vergonha fica por conta do que se passou entre aquelas paredes.
A idéia não era só comer a irmã do Nâna, tinha que rolar um bondage caprichado ou a noite não seria completa. Era a única chance, aquela bala solitária no tambor vazio do revólver.
Ela chegou se despindo, jogou cada pedaço que vestia num canto do quarto. Quando a ficha caiu, aquela sereia se encontrava tal e qual veio ao mundo a um palmo do meu nariz. Me disse “vem” e eu tremi como vara verde. Avancei faminto, sem desespero, medindo cada passo na tentativa inútil de convencê-la em sua imaturidade a tentar um sexo “diferente”.
Não dava, ela enfiou minha cabeça entre as pernas tão depressa que nem pude balbuciar uma palavrinha sequer. Saboreando aquele pecado, notei que a dita cuja gemia e cochilava na mesma proporção. Pensei: “essa babaca vai dormir agora?”.
E não deu outra. Ela ia e vinha de minuto em minuto. Mais rápido que um raio, antes da cochilada final que a levaria ao sono inevitável, rasguei a fronha do travesseiro (foda-se o prejuízo) e com uma tira amarrei seus pulsos. Pronto, meu sonho estava realizado...

Quando contei a história ao Marinho veio a pergunta que não queria calar: “ela soube do que se passou ontem?”
Claro, aliás, será que soube de tudo que eu fiz?
Voltando no tempo, me lembro que ela despertou num Domingo de sol, tomou uma bela ducha e nem quis saber de café da manhã. A ressaca era evidente e ela só quis ir pra casa.
Não notou a fronha rasgada e ninguém me cobrou na saída.
Minha consciência não pesa ainda que jamais tenha confessado o que fiz. Nossa aventura teve um dia certo, um endereço e ficou na saudade. Falamos algumas vezes depois, mas sem tocar no assunto daquele Sábado após a festa.
Claro que ela se lembrou do motel, do sexo embriagado e sem jeito, porém a imagem do bondage eu levei pra casa e só o Marinho soube. Deixei tão bem guardado que se ele não me escreve sobre essa loucura eu nem tocaria mais no assunto.

Valeu brother, às vezes é legal lembrar os velhos tempos.

2 comentários:

  1. Oi ACM
    De volta, mas não pense que desapareci, apenas os compromissos me deixam sem possibilidade de vir mais a miudo. Gostei do texto, muito bem elaborado, apenas com o detalhe do fetiche ter sido praticado na sonolência alcólica.
    No mais parabéns e a confirmação de que quando posso eu voto.
    Beijos

    ResponderExcluir
  2. Cara Maria Augusta
    Primeiro agradecer por seu voto e por sua volta aos comentários. Me deixa feliz.
    Segundo, tentar explicar o que para muitos pode parecer uma atitude canalha. No meu ponto de vista, hoje, o fato ocorreu por conta da imaturidade, da falta de tato em perceber o momento certo.
    É fato que aquela garota tinha planos e eu não fazia parte deles, por isso, aliás, deve ter sido por isso, me agarrei a primeira oportunidade com a absoluta certeza que aquela seria a única vez.
    E foi.
    Ela deve ter lembrado sim, mas como não esperava por qualquer continuidade, preferiu o silêncio numa maneira clara de preservar a questão da amizade, entre nós e por seu irmão também.
    Mas se não lembrou, posso garantir que nada de anormal aconteceu e ficou tão esquecido que não fosse o email de uma amigo da época me despertar a recordação, eu também teria relegado o caso ao esquecimento.
    Hoje seria diferente, mas hoje é hoje e ontem foi ontem.
    Beijos

    ResponderExcluir