quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Ciúme


O que é o ciúme? O ciúme, em princípio, é um sentimento tão natural ao ser humano como o tédio e a raiva. Nós sempre vivenciamos este sentimento em algum momento da vida, diferem apenas suas razões e as emoções que sentimos.
De positivo a proteção, de negativo a destruição de uma relação.
Daí é possível traçar um paralelo entre ciúme e inveja, citar a questão patológica quando esse tipo de sentimento, que aparentemente é inocente, se transforma em paranóia e diversos outros aspectos estudados por psicanalistas.
E quando o ciúme interage com uma relação fetichista?
Está preparado? É pedra ribanceira abaixo...
Muitos negam, mas a grande maioria dos dominadores ou donos sente um ciúme doentio e incontrolável de suas submissas, escravas, quando se aproximam de alguém fetichista como eles. Não falo isso da boca pra fora, porque presenciei casos que por pouco não terminaram em tragédia grega.
A mulher dominadora lida melhor com essa relação do que o homem quando está no comando das ações. Talvez pelo machismo histórico ou pelo próprio sentimento de poder sob a pessoa a quem “possui”, o certo é que em determinados casos eles chegam a proibir adicionar outros “senhores” em sites de relacionamento social ou até mesmo em blogs construídos em sua homenagem.
Num mundo reduzido onde poucos se assumem, o ciúme fetichista pega mais que gripe no inverno e ninguém está imune, porque não existe vacina, ainda.
Quem sente ciúme tem a compulsão de verificar constantemente as suas dúvidas, a ponto de se dedicar exclusivamente a invadir a privacidade e tolher a liberdade do parceiro: abre correspondências, bisbilhota o computador, ouve telefonemas, examina bolsos, chega a seguir o parceiro ou contrata alguém para fazê-lo. Toda essa tentativa de aliviar sentimentos, além de reconhecidamente ridícula até pelo próprio ciumento, não ameniza o mal estar da dúvida, até o intensifica.
E esse tipo de reação que a pessoa trás ao longo da vida vai se refletir com mais intensidade ainda na cadeia fetichista. As opções são poucas e raras, tipo assim: “a nega é minha ninguém tasca eu vi primeiro...”.
A timidez e a insegurança, comum em algumas pessoas com tendências submissas atenuam o ciúme que os faz atingir níveis insuportáveis, causando escândalos e discussões exacerbadas até mesmo na presença de terceiros.

O fato é que ninguém gosta de ver a pessoa amada sendo cortejada, admirada. Por menor que seja a reação sempre causa uma dor lá no fundo do cotovelo. Há os que se controlam e os que descarrilam como um trem desgovernado.
Algumas pessoas costumam chamar certas reações de ciúme brando, mas na verdade o sentimento é igual, o que muda é o controle que o ser humano tem sobre suas emoções.
O ciúme pode até matar quando se transforma em ódio, que o diga Otelo e sua Desdêmona. Por isso é bom estar seguro e admitir uma verdade imprescindível: ninguém fica com ninguém quando não quer. Se flertar com outro é porque a relação foi para o espaço e tentar seguir em frente é causar aborrecimento desnecessário para ambos.
Assumir a perda, reconhecer os erros que levaram a esse epílogo é uma forma de aprendizado para um possível novo relacionamento mais estável e duradouro.
Assim é a vida, assim também tem que ser num relacionamento fetichista.

3 comentários:

  1. Olha, tu e a Maria parece que leram minha alma hoje, nos mais profundos questionamentos! Obrigada...

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  2. Como diz a música: Cada volta é um recomeço! Estamos vivos, em uma constante aprendizagem. E essa coisa de ciúme não está com nada! Bjs Fabby

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  3. Mesmo sem sentir ciúmes,é muito chato assistir alguém "dando em cima" de nossos escravos,que não estão "nem aí" para outras pessoas...Há seres inconvenientes que não " se mancam"...putz!

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