sexta-feira, 5 de junho de 2009

Uma história, um Sonho e uma Parceria.


Leonardo Vinhas pensou que talvez, um dia, pudesse lançar um livro de contos de bondage. Ele ainda pensa, mas decidiu direcionar os contos que tinha agora para um lugar bem mais excitante - o Bound Brazil.
Pois é, novidades por aí no site. Mas enquanto elas não aparecem por lá, fica aqui a introdução para o tal livro cibernético, contando como ele descobriu que a combinação de uma imaginação atiçada com cordas & mordaças pode ser muito excitante.
Com a palavra, o Léo.

Havia nas histórias de detetive de antigamente um grande conteúdo sexual. Claro que quase nenhuma dessas histórias chegava ao Brasil (eram anos de proibições), mas eu me lembro de ter visto algumas delas em alguns lugares imprecisos. Lembro-me também de haver ficado muito excitado com a capa de um livro que mostrava uma garota de roupas rasgadas sentada ao chão repleto de grama e atada a uma árvore. Mesmo a imagem (era uma foto, não um desenho) não mostrando sequer um mínimo de “underwear” que fosse, eu tinha ficado muito excitado. Claro que eu não sabia o que era excitação – tinha uns sete ou oito anos. Também não sabia, e não sei até hoje, o que tal livro estava fazendo na livraria do Mosteiro de São Bento, em São Paulo. Só sei que aquela foi uma das visitas à igreja mais agradáveis da minha infância.
Os anos iam passando, minha adolescência ia chegando e eu não encontrava mais nenhuma daquelas revistas ou livros. Vez ou outra topava com alguma capa de uma história de mistério com cenas mais ousadas em uns sebos da cidade do interior paulista onde residia, mas nada que me animasse muito – faltavam mordaças, o que era fundamental para minha excitação. Porém, aquilo ainda me deixava suando frio por causa do calor interno, e agora eu sabia o que esse calor era. Viria, a saber, depois que aquilo que me excitava tinha um nome: bondage. Mas isso só uns anos depois, graças à internet.
Na verdade, não foi bem assim. Antes disso, eu havia conseguido uma revista “Animal” na qual havia uma história da Bionda, personagem de Franco Saudelli, cujas histórias eram meras desculpas para Saudelli colocar uma seqüência de mulheres muito realisticamente desenhadas (havia gordinhas, magricelas, pin ups, peitudas sem bunda, bundudas sem peito e todos os demais possíveis biótipos femininos)... e bem amarradas. O legal das histórias da Bionda é que elas mantinham aquele clima policialesco de mistério que me excitava desde minha tenra e pouca inocente infância.
Saudelli escancarava, sem vulgaridade, o lado sensual das histórias detetivescas e, melhor ainda, tirava delas qualquer perigo real, de modo que não nos sentíamos (nós, leitores bondagistas insipientes) pervertidos dementes que gozavam com o sofrimento alheio. Tinha mais a ver com a fantasia da “donzela em perigo” que é resgatada na última hora por seu cavaleiro errante ou salva por sua própria astúcia.
Ninguém se machucava de verdade, ninguém corria perigo de verdade. Só o tesão era real.
Essa história da Bionda – e a matéria que a acompanhava, assinada por Daniel Benevides, sobre fetiches – foram minha introdução formal, ainda que breve, ao mundo do bondage que eu tanto apreciara e sigo apreciando até o momento em que digito essas linhas. Daí para a internet passaram-se alguns anos, mas a rede internacional abriu uma possibilidade de fotos e vídeos de bondage que, a meu ver, está longe de ser plenamente explorada ou de ter correspondido a todas as expectativas e fantasias bondagistas das pessoas desse mundo. Até porque há muitos que se excitam com bondage sem sequer se dar conta disso. Mas basta pensar numa pessoa do sexo oposto (ou do mesmo, por que não?) sendo bem restrita por cordas e semi-silenciada por uma mordaça que essa pessoa se excita...
A internet também me fez descobrir que há diversas variações e preferências do bondage, das mais infantis (superheroínas amarradas) às mais extremas (prefiro não listar). Natural, já que a libido não conhece um limite de formas e expressões. Porém, as histórias que você vai ler no Bound Brazil tentam captar o espírito descrito nos três primeiros parágrafos que você leu aqui, uma certa ingenuidade e até mesmo tolice devem estar presentes. Nem todas são inocentes e isentas de perigo assim, já que as crianças crescem e sonham com algumas coisinhas um pouco mais ousadas que somente imobilizar uma pessoa atraente. Mas gosto de pensar que o espírito é o mesmo que o daquelas capas das revistas de detetive, das histórias do Saudelli, das minhas primeiras manifestações de uma libido inebriante. Quem sabe seja essa a sua excitação também?
Por isso convido-o a exercer suas habilidades detetivescas para encontrar, nas pistas dadas nessas páginas, uma nova e mais interessante possibilidade de excitação. Prepare o sobretudo e o bloco de anotações... Mas não se esqueça das cordas, dos panos e da fita adesiva! (Leonardo Vinhas – Junho 2009)

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