Muita gente que me conhece pessoalmente já escutou essa história e mesmo que ninguém acredite garanto que é real, aconteceu mesmo.
Já falei aqui que por três anos da minha vida morei na capital mundial do fetiche (Amsterdam), e creio que foi por lá que passei a ser mais civilizado e entender que ser fetichista é tão normal quanto ver uma novela onde na Índia se fala português, e pior, com algumas pinceladas de idioma local.
Portanto, para ser verdade basta acreditar que é real e pronto.
Mas fora a brincadeira, vamos aos fatos.
Há pouco tempo perambulando por Amsterdam e fascinado pelas vitrines, nem me passava pela cabeça observar o que existia além daquele pedaço de cidade nos arredores do burburinho do Red Light.
Eu, como bom tupiniquim embasbacado só via e revia o que meus olhos de pouca profundidade alcançavam, e jamais desprendia a atenção das revistas e capas de VHS transbordando dos sex shops. Até que um dia conheci uma pessoa que me mostrou um mundo novo, e como um Cristóvão Colombo adentrei ao desconhecido sem pisar em cascas de ovos, na mais profunda vontade de sucumbir aos pecados.
Essa amiga me convidou para ir ao teatro.
“Mas que merda, pensei...” Tudo que eu queria naquele momento era uma masmorra recheada de sádicos, masoquistas, bondagistas, podólatras, obscenos, devotos, tudo, sem censura e sem cortes, mas ir ao teatro era o que tinha de melhor numa noite de Terça quando havia minha folga do batente. Fui.
Uma construção bem antiga, nos moldes dos teatros europeus sempre bem conservados e uma fila pequena na porta, assim era o local. Sem saber qual seria a peça a ser encenada, sem entender nada daquela língua nativa (os Holandeses falam bem o Inglês devido a pouca difusão de seu idioma natal, mas entre eles utilizam à língua mãe), avistei um cartaz do espetáculo e comecei a me interessar.
Perguntei a minha amiga qual o tema da peça e ela insistia em manter o suspense, sem pistas, nada mesmo. Mas o cartaz denunciava um tema picante pelas fotos ilustrativas e contrastava com as pessoas na nossa frente, tipo família completa, daquelas que lotam as pizzarias nas noites de Domingo. “Essa peça deve ser em outro dia”, imaginei.
Mesmo sem compreender nenhuma palavra escrita naquele cartaz, segui até que as luzes se apagaram confiando naquela mulher.
Do alto do palco com pouquíssima luz desceram cordas, quatro, e nelas aos poucos foram aparecendo personagens que eram amarrados a elas, um a um, por duas loiras daquelas tipo secretárias do capeta, de espartilho vermelho e tudo.
Pareciam marionetes suspensas na seguinte ordem: um cara magrelo, mas bem magro mesmo, com ares de cross dresser, trajando uma bota, meia arrastão e calcinha. Um branquelo de cabelo curto com jeito tão submisso que mantinha o olhar fixo no chão do palco e duas garotas desajeitadas, em lingerie, mas nada bonitas.
Esses atores eram suspensos e desciam para serem açoitados impiedosamente pelas demoníacas loiras, que os faziam girar e apanhar sem parar. Era cacetada de todo lado com largos cintos de couro adornados por enfeites prateados.
Após o espancamento as luzes se apagaram e ficou apenas o da meia arrastão, que foi amordaçado pelas loiras malvadas com uma ball gag. Os outros desapareceram na escuridão.
Do nada surge um negão com cara de Rei de tribo africana trajando apenas uma micro sunga e sob as ordens das loiras, sodomiza (enraba, para os mais íntimos!) num só golpe o pobre diabo amarrado que só consegue soltar pequenos gemidos e expressões de dores intensas...
E a peça segue. O magrelo submisso ainda pendurado como marionete sem rumo é obrigado a comer toda e qualquer coisa pisoteada que as loiras lhe obrigam debaixo de uma saraivada de chibatadas e grampos que lhe esfolavam os mamilos. Ato contínuo, as duas meninas feias são retiradas do suplício da suspensão passando a ser impiedosamente castigadas num aparelho tipo Cavalo de Berkley (*) pelas duas competentes dominadoras.
No final todos se apresentam na frente do palco para os devidos aplausos de um público entusiasmado e louco para sair dali e começar novas experiências após uma aula perfeita, e outros, como eu, levando da primeira a última cena tudo gravado como um filme para guardar pra sempre acreditando que existia um mundo bem diferente além da minha janela...
(*) Theresa Berkley foi dona de um bordel em Londres no século dezenove e o aparelho que ficou conhecido como o Cavalo de Berkley era uma espécie de pau-de-arara móvel que podia ser girado tanto na vertical como na horizontal. Assim, sem muito esforço, a Madame, ou as moças e os rapazes que trabalhavam para ela, infligiam a dor exatamente no ponto desejado pelo cliente (Fonte: http://recantodasletras.uol.com.br )
Já falei aqui que por três anos da minha vida morei na capital mundial do fetiche (Amsterdam), e creio que foi por lá que passei a ser mais civilizado e entender que ser fetichista é tão normal quanto ver uma novela onde na Índia se fala português, e pior, com algumas pinceladas de idioma local.
Portanto, para ser verdade basta acreditar que é real e pronto.
Mas fora a brincadeira, vamos aos fatos.
Há pouco tempo perambulando por Amsterdam e fascinado pelas vitrines, nem me passava pela cabeça observar o que existia além daquele pedaço de cidade nos arredores do burburinho do Red Light.
Eu, como bom tupiniquim embasbacado só via e revia o que meus olhos de pouca profundidade alcançavam, e jamais desprendia a atenção das revistas e capas de VHS transbordando dos sex shops. Até que um dia conheci uma pessoa que me mostrou um mundo novo, e como um Cristóvão Colombo adentrei ao desconhecido sem pisar em cascas de ovos, na mais profunda vontade de sucumbir aos pecados.
Essa amiga me convidou para ir ao teatro.
“Mas que merda, pensei...” Tudo que eu queria naquele momento era uma masmorra recheada de sádicos, masoquistas, bondagistas, podólatras, obscenos, devotos, tudo, sem censura e sem cortes, mas ir ao teatro era o que tinha de melhor numa noite de Terça quando havia minha folga do batente. Fui.
Uma construção bem antiga, nos moldes dos teatros europeus sempre bem conservados e uma fila pequena na porta, assim era o local. Sem saber qual seria a peça a ser encenada, sem entender nada daquela língua nativa (os Holandeses falam bem o Inglês devido a pouca difusão de seu idioma natal, mas entre eles utilizam à língua mãe), avistei um cartaz do espetáculo e comecei a me interessar.
Perguntei a minha amiga qual o tema da peça e ela insistia em manter o suspense, sem pistas, nada mesmo. Mas o cartaz denunciava um tema picante pelas fotos ilustrativas e contrastava com as pessoas na nossa frente, tipo família completa, daquelas que lotam as pizzarias nas noites de Domingo. “Essa peça deve ser em outro dia”, imaginei.
Mesmo sem compreender nenhuma palavra escrita naquele cartaz, segui até que as luzes se apagaram confiando naquela mulher.
Do alto do palco com pouquíssima luz desceram cordas, quatro, e nelas aos poucos foram aparecendo personagens que eram amarrados a elas, um a um, por duas loiras daquelas tipo secretárias do capeta, de espartilho vermelho e tudo.
Pareciam marionetes suspensas na seguinte ordem: um cara magrelo, mas bem magro mesmo, com ares de cross dresser, trajando uma bota, meia arrastão e calcinha. Um branquelo de cabelo curto com jeito tão submisso que mantinha o olhar fixo no chão do palco e duas garotas desajeitadas, em lingerie, mas nada bonitas.
Esses atores eram suspensos e desciam para serem açoitados impiedosamente pelas demoníacas loiras, que os faziam girar e apanhar sem parar. Era cacetada de todo lado com largos cintos de couro adornados por enfeites prateados.
Após o espancamento as luzes se apagaram e ficou apenas o da meia arrastão, que foi amordaçado pelas loiras malvadas com uma ball gag. Os outros desapareceram na escuridão.
Do nada surge um negão com cara de Rei de tribo africana trajando apenas uma micro sunga e sob as ordens das loiras, sodomiza (enraba, para os mais íntimos!) num só golpe o pobre diabo amarrado que só consegue soltar pequenos gemidos e expressões de dores intensas...
E a peça segue. O magrelo submisso ainda pendurado como marionete sem rumo é obrigado a comer toda e qualquer coisa pisoteada que as loiras lhe obrigam debaixo de uma saraivada de chibatadas e grampos que lhe esfolavam os mamilos. Ato contínuo, as duas meninas feias são retiradas do suplício da suspensão passando a ser impiedosamente castigadas num aparelho tipo Cavalo de Berkley (*) pelas duas competentes dominadoras.
No final todos se apresentam na frente do palco para os devidos aplausos de um público entusiasmado e louco para sair dali e começar novas experiências após uma aula perfeita, e outros, como eu, levando da primeira a última cena tudo gravado como um filme para guardar pra sempre acreditando que existia um mundo bem diferente além da minha janela...
(*) Theresa Berkley foi dona de um bordel em Londres no século dezenove e o aparelho que ficou conhecido como o Cavalo de Berkley era uma espécie de pau-de-arara móvel que podia ser girado tanto na vertical como na horizontal. Assim, sem muito esforço, a Madame, ou as moças e os rapazes que trabalhavam para ela, infligiam a dor exatamente no ponto desejado pelo cliente (Fonte: http://recantodasletras.uol.com.br )
Fica fácil de entender a peça pela forma como você descreve, inclusive pode-se imaginar cada personagem pelas características que você passa.
ResponderExcluirEssas suas matérias deveriam ser arquivadas num livro tamanha a diversidade de assuntos e a forma como são desenvolvidos os temas.
Mais uma vez parabéns!
Lugarzinho estranho esse...rs
Parece um teatro de horrores :)
Beijos da Aninha
Meu humor de hoje pede algo mais light e achou toda essa experiência muito pesada, haha
ResponderExcluirEm outros dias, eu teria me animado...
Quando você falou em Teatro de Marionetes, eu imaginei algo assim:
http://3.bp.blogspot.com/_XAmdGH5VfqM/Ra-8-Re8MwI/AAAAAAAAAAs/vrxfuPc4xdQ/s320/PT+Signify.jpg
Sempre achei essa imagem linda. E por incrível que pareça, é a capa de um CD...
Beijos.