
Todo mundo já passou por isso alguma vez na vida.
Dizem os especialistas que a rejeição se manifesta de forma diferente, homem e mulher são prisioneiros de seus sentidos. Uma mulher com problemas jamais terá libido sexual e não buscará no sexo uma válvula de escape para o que ocorre a sua volta, enquanto o homem procura o sexo nas horas mais conturbadas e se vê aliviado e longe do que lhe importuna durante e depois do ato sexual.
É preciso entendimento entre parceiros para solucionar esse assunto e não deixar o balde transbordar, um deve entender o momento do outro e suas inevitáveis reações, ou seja, o cara tem que saber que ela prefere um passeio com as amigas e se afogar em tonéis de chocolate ao encarar uma noite na cama e, por sua vez, terá que buscar uma forma de não rejeitar seu homem porque ele pode achar um milhão de coisas e destruir a união monogâmica num piscar de olhos. Ao primeiro sinal de rejeição o homem começa a imaginar que existe outro ou que ele não dá mais conta do recado.
E quando existe o fetiche? Aí o caldo entorna.
As mulheres costumam encarar melhor uma relação fetichista quando parte do homem do que de forma contrária, é muito mais fácil um cara declarar-se bondagista, podólatra, sadomaso, enfim, fetiches não bizarros do que aceitar quando isso é colocado na mesa de discussão por parte da mulher. O homem, machista, produto do meio onde vive e seguidor dos conceitos que povoam a sua casta, manifesta-se de forma muito estranha se uma mulher se declara dominadora, submissa, fetichista de uma maneira geral. Conheço casos de amigas que me contaram o quanto foi difícil ter uma conversa dessa com seu parceiro, algumas perderam seu assento no trem e a relação foi para o espaço num curtíssimo lapso de tempo. Claro que o ideal seria que toda relação fetichista fosse estrelada por duas pessoas com essa tendência, mas nem sempre isso acontece, ou melhor, ainda, na maioria dos casos isso não acontece.
Mas supondo que haja essa interação entre um casal relacionado com o fetiche e problemas cotidianos perturbem a mulher, como o homem encararia a rejeição momentânea? Creio que deveria procurar compreender da mesma forma que existe numa relação fora do circuito fetichista, porque se esse impulso feminino acontece quanto às práticas sexuais, com fetiche ou não ela viveria os mesmos dilemas e as mesmas emoções. Detalhe, o chocolate venceria a libido sexual e o fetiche.
Fetichistas têm reações totalmente diferentes dos não fetichistas (prefiro esse termo à palavra baunilha), por terem atração exacerbada por algum objeto de desejo ou práticas sexuais diferenciadas, tendem a engolir a rejeição de forma mais intensa que os não fetichistas. Deprimem-se com mais facilidade e uma vez achando-se rejeitados encaram como o fim do mundo, pensam que estão sendo intensos demais, que a parceira já não agüenta suas manias, que jamais haverá outra pessoa igual, etc. e etc. Outros fora do mundo fetichista recorreriam a um chopinho com os amigos e relevariam com mais facilidade mesmo que não tivessem todo o entendimento de que esse comportamento de rejeição feminino muitas vezes é chamado de TPM. Certo ou errado ele existe e casais devem aprender a viver com ele.
Entretanto, a palavra chave para encarar esse tipo de problema é compreensão, e isso só ocorre quando há diálogo tornando-se uma relação de discussão aberta e sem nenhum preconceito. Jogos de esconde-esconde são venenosos para qualquer relação que se preze e queira ser duradoura. O fetiche e as reações pertinentes a cada ser humano são comuns e precisam ser encaradas sem medo, só assim existirá a cumplicidade necessária para que um pequeno detalhe comum não atrapalhe uma convivência plena.
Dedico essa matéria a um casal de amigos a quem eu prezo bastante, leitores desse blog.
Um comentário:
Sou leitor do seu blog e pratico fetiches com minha mulher. Ontem ao chegar em casa e ler o artigo tive que chama-la e juntos tiramos algumas conclusões do que você fala. Claro que não somos o casal a quem você dedica o assunto, mas muitas vezes nos vimos envolvidos em situações parecidas como as que são mencionadas. Achei impressionante como você conseguiu retratar com exatidão alguns aspectos que realmente existem nesses tipos de relações. Olha que gosto muito de ler sobre fetiches e acho os blogs o melhor caminho para fazer isso, mas apesar de pensar varias vezes nesse assunto seu poder de síntese resume o que tanta gente gostaria de falar. Parabéns por sua sensibilidade e pela predisposição de ajudar a quem vive certos problemas dentro de uma relação. Que cada vez mais pessoas possam vir até aqui usufruir um pouco do que esse blog é capaz de fazer. Fernando e Alexia
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