
A campainha da porta tocou alto.
Corre daqui, corre de lá, e agora?
- Por que eu usei essas meias de seda, o nó não desata!
Ela olhava assustada com as pupilas saltando a face, a mordaça de fita adesiva apertava-lhe os lábios e um pedaço de pano lhe segurava a língua. Mexia a cabeça de um lado pra outro, tentava balbuciar uma simples palavra, apontava com a cabeça entre os braços atados acima da cama para tentar mostrar que havia uma tesoura na gaveta à esquerda, e nada.
A campainha insistia, era estridente e o nervoso aumentava e nada daqueles malditos nós darem uma pequena ajuda e soltassem por conta própria.
Otávio tentava, puxava com a unha (era curta demais) e cada vez que o dedo lá fora seguia apertando aquele estúpido botão, o suor lhe escorria e as mãos ficavam cada vez mais tremulas.
- Quem será? Pensou alto, imaginou a irmã da Soninha... O que eu digo? Como explico isso?
Soninha escutava e só emitia um som parecido com um gemido de vaca.
Inconformado Otávio largou Soninha com os braços abertos sem uma peça de roupa que pudesse esconder a sua intimidade e partiu em direção à cozinha para buscar uma faca.
Ela movia-se, literalmente estrebuchava saltando como podia, tomando impulso com a região glútea, mas a força da gravidade a empurrava de volta.
No meio do caminho a dúvida: alguns segundos para decidir se atendia a porta ou procurava pela faca e deixava esperando quem insistentemente não parava de chamar.
Tomou a decisão, fechou a porta do quarto ante o espanto de Soninha e resolveu atender à campainha.
Dentro do quarto a pobre coitada nem mais gemia, conformada com a decisão de seu namorado resolveu entregar-se ao destino, assumir perante quem entrasse sua “perversão” sexual, porque pelo menos assim alguém iria livrá-la das amarras e da desconfortável mordaça que a impedia de decidir junto com Otávio seu próprio futuro.
Pensou no embaraço da situação, na explicação vazia que teria que dar a respeito daquela inusitada cena na qual estava envolvida, visualizou num canto qualquer a cara de espanto que alguém faria ao vê-la totalmente indefesa em cima de uma cama que sequer lhe pertencia.
Imaginou todas as pessoas possíveis que pudessem chegar naquele horário. A irmã, mais velha e extremamente conservadora que jamais entenderia tal “brincadeira” entre os jovens namorados, ainda mais em cima da própria cama, que maçada! Se ela viesse acompanhada do namorado então, móveis e objetos iriam pelos ares com o sopro dos gritos horrorizados com a patética e incrédula visão. Conformou-se mais uma vez e suspirou, afinal quem quer que estivesse detrás da porta do quarto e aparecesse de estalo seria o anjo da bondade ou o do juízo final.
O silencio era ensurdecedor.
Alguns segundos mais e a maçaneta girou, o que esperar?
Otávio calmamente entra com uma faca na mão, corta-lhe as finas e retorcidas meias de seda que a prendiam, retira a mordaça e após dar-lhe um beijo soletra:
- Era o porteiro, afinal esqueci os faróis do carro aceso e ele veio me avisar...
Soninha cuspiu pedacinhos do pano que lhe estufava a boca e só conseguiu dizer uma palavra:
- Quase!
Que susto heim... mas sera que ela no gostou???
ResponderExcluirBem ncom que mostra ao fim da hisoria ela quer outra... rsrs
excelente relato com doses de suspense e perfeita visao do assunto. O melhor que já li até aqui. Parabéns
ResponderExcluirisso dá um belo filme.
ResponderExcluirE depois AC?
ResponderExcluirAchei fantástico, afinal sou fãzoca mesmo dos teus textos. Dá vontade de ler até a ultima linha e seguir por aí. Posso te dar uma sugestao? Segue com a história, confio na tua capacidade. Independente é uma situaçao que pode acontecer mesmo, a qq hum!
Beijocas e ST (Vamos que dá!)