segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Incondicional


Eles são casados há mais de dez anos, levam a sério o BDSM, sabem separar o fetiche da relação afetiva e profissional tornando-se uma lição de vida para qualquer um que conheça a sua história.
Slave K chegou primeiro, pois vinha de uma outra relação que não havia dado muito certo, batalhou alguns anos pela atual companheira e fez disparar o gatilho que vivia adormecido dentro de sua esposa, a Rainha Suprema. Ela flertava com a dominação em sua forma de vida, arriscava uns passos, mas sem direção e conhecimento na certa não lhe passava pela cabeça que brincar com os namorados era uma forma de dominação, pois quando os deixava adorava vê-los humilhados ante sua supremacia.
Saber conviver com o antes, o durante e o depois são uma dentre as muitas qualidades que aprecio em ambos. Preparam uma cena com o cuidado de um artesão, escolhem o material a ser usado e não combinam nenhum detalhe do que vai acontecer porque por serem monogâmicos, sabem exatamente seus limites e consideram a surpresa, o inesperado um alimento a mais para seus fetiches.
Slave K confessa-se um apaixonado por sapatos, presenteia sua esposa sempre que possível e os utiliza quando se prepara para ser dominado. Chegou a ensaiar a dominação em tempo integral algumas vezes, porém a vida de casado e os compromissos de trabalho sempre foram os maiores empecilhos. Assume ser um “viciado” em BDSM, tem um conhecimento de doutrina de dar inveja em muita gente e afirma que gosta de andar beirando os limites de sua própria superação durante uma sessão bem realizada.
Já a Rainha Suprema é única, autentica e controla cada instante da cena com maestria e segurança conduzindo seu escravo pelos caminhos que cria de acordo com a sua vontade. Sempre estudiosa das normas seguras e consensuais que requer essa atividade, Suprema começa num jogo de velas, comanda o “spanking” na medida certa e sadia e atinge o ápice da cena através de uma inversão impiedosa a base de muita técnica.
Os conheci durante uma gravação do site da Fetixe-Rio e ficamos amigos.
Apesar de sermos fetichistas de linhas completamente diferentes, sabemos que o BDSM engloba muito mais que o desejo e vontade de cada um, ou seja, todos estamos dentro da mesma sigla e quando descobrimos respeito às normas de cada atividade, não há como não merecer uma admiração sincera e respeitosa por parte de quem é praticante.
Conviver com o fetiche para os mais jovens é muito mais fácil do que para outros que viajaram através de um vôo cego que muitas vezes terminou num divã de um analista. Muitos se acharam anormais e pervertidos porque a distancia era imensa entre adeptos que pelos quatro cantos do mundo velejavam pela mesma vontade. Hoje, a internet é um caminho onde todos se encontram e nada pode parecer estranho quando existe gente do outro lado da linha.
Suprema e Slave K ultrapassaram essas barreiras e chegaram a um ponto em que a cumplicidade é muito maior do que se possa imaginar e isso os tornou pessoas bem resolvidas de corpo e mente, falando e praticando o fetiche com a simplicidade de uma brincadeira infantil.
Nesses meses de convivência aprendi com eles a lição do amor incondicional, onde ninguém precisa ceder para agradar, para ter, porque basta um olhar para saber exatamente o que existe dentro de cada coração. Eles são a prova de que o fetiche pode começar e permanecer dentro de casa.

2 comentários:

  1. Mesmo não sendo a minha "praia", tive o prazer de conhecer o casal e aprender um pouco sobre o bdsm, fiquei feliz por conhecer um casal muito inteligente, e principalmente consciente da filosofia do bdsm.. Passei algumas horas muito agradáveis, escutando e aprendendo sobre a estória de vida deles.
    parabéns pela matéria e parabéns ao casal que ganharam mais um fâ.

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  2. Prezado Amigo,
    Obrigada pelas belas palavras sobre nós em seu blog.
    Foram muito gentis e cheias de generosidade.

    Saiba que sentimos , de forma recíproca , a amizade e o carinho que vc nos oferece .

    Um grande beijo

    RAINHA SUPREMA e slave k

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