quinta-feira, 26 de junho de 2008

O Fetiche e o tempo


Um fetichista não fica velho, apenas amadurece e tem como recompensa a experiência do assunto que lhe faz ficar e sentir cada vez mais jovem.
Certa vez, ouvi dizer, não me lembro quem nem quando ou onde, que um fetichista não perde a libido e muito menos o interesse sexual.
É, pode até ser, afinal ainda me sinto bastante jovem e ativo para poder pensar no assunto. Entretanto, cabe sempre aquela pergunta de como será o nosso amanhã. Dirão alguns que “a Deus pertence”, outros sequer pensam no assunto, mas vale a pena imaginar de onde vem todo esse tesão de um fetichista.
Quem gosta de pés e assiste a um comercial de televisão em que os pés ficam em total evidência, liga de imediato a antena. Aliás, fica aqui meu protesto, mesmo que solitário, do por que nos comerciais das famosas e brasileiríssimas Havaianas os belos pés das atrizes não tem um pouco mais de close-up do que se mostra por aí?
Quem gosta de bondage, sado-maso, fica doido quando assiste em um filme uma linda heroína totalmente amarrada e indefesa. Alguns podem pensar que isso só acontecia durante a infância, quando ainda não podíamos praticar nosso fetiche abertamente. Pois eu discordo, até porque isso me excita até hoje, depois de meio século de vida. Que fique registrado meu segundo protesto nessa crônica, porque todo diretor de cinema ou novela que se preze, deveria consultar um mestre de bondage para as cenas que filmam, onde é muito comum ver cordas frouxas em total desrespeito a arte.
Na peça “Nó” da Deborah Colker, um mestre foi consultado para que o trabalho saísse bem feito. Bem, voltando ao fetichista, li uma vez num texto do Carlos Eduardo Novaes que admirar um belo pé, embrulhado em uma sandália de salto bem fino, ficava muito mais atraente quando visto debaixo de uma mesa. Então, os amigos devem concordar que o fetiche é muito abrangente e totalmente infinito, porque conota uma história que um dia teve um início e, na certa nunca terá um final. Portanto, é obrigação entender que o fetichista é um escravo do seu próprio desejo, seja ele ou ela dominador ou não, mas mesmo assim terá seu dia de escravo.
A excitação do fetichista caminha junto com a sua imaginação e por isso tem esse aspecto duradouro, daí o assunto do interesse sexual na nossa primeira linha. As cordas, os chicotes e as sandálias, assim como outros casos que poderíamos citar aqui, desafiam o tempo e os limites, nos levando a pensar de qual seria a nossa reação ao depararmos com um desses instrumentos do fetiche nos anos que virão pela frente. Estejamos certos que esse tesão é eterno, pela simples razão de vir diretamente do nosso “eu” interior. Aquilo que trazemos e que é impossível se desvencilhar ou simplesmente ignorar, faz parte dessa coisa que cresce por dentro e aflora no nosso desejo.
O sexo é a comida, mas o sexo com fetiche dá um sabor muito mais que especial.
Dito isso, vamos usar e abusar da imaginação e deixar o fetiche acontecer, pois sabemos que aquilo que não corre o risco de acabar, é sempre muito mais gostoso.
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