sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A Culpa do Mordomo


E não havia mais calor onde estavam...
O afeto tinha tirado férias, a louca vontade de encontrar, de sorrir e festejar chegava agora por correio dentro de uma caixa vazia.
O tempo era o mordomo. Não pouparam o infeliz que já fora sentenciado a morrer empalado num calabouço qualquer e ter o corpo, ou as sobras, atirado num oceano. Vá lá que a convivência é um erro quando não se está preparado pra tanto, mas se os cálculos não encerram em números corretos a ponte se parte e cessa o caminho, ceifando o destino.
Meu chapa, você voltaria no tempo se soubesse. Concorda? Se ela chegou de mansinho implorando por tua bravura, mão firme e voz imponente, jamais poderia se transformar no meio do enredo. A submissa que experimentou os dois lados e depois escolheu apenas um, nas tuas barbas, diante de teus olhos agora incrédulos quando antes eram de desprezo.
Pois é brother, ela se foi. Tomou o rumo que achou por bem seguir e te deixou na mão.
Agora você vai precisar do tempo outra vez. Ele será novamente o culpado, mas dessa vez, ao contrário, por passar tão devagar, tornado os dias mais longos e as noites sem fim. Porque aquela menina que você trouxe pra dentro da festa hoje empata contigo, dá as cartas, e você sem nenhum compromisso patético com mudança de identidade jamais se submeterá a ser dominado por ela. Logo ela!
Rapaz, o universo fetichista já publicou muitas histórias parecidas com essa. Parece coisa de doido, fica meio sem pé e sem cabeça no começo, mas toma forma, sai da fase ectoplásmica pra virar realidade logo ali na esquina. É ou não é a síntese do descompasso? O dom que virou sub, a sub que virou domme, a rainha esfolada no próprio trono assistindo ao dom levando uma inversão no tapete da sala...
Pois é malandro. Junte seu orgulho e toca o barco pra frente.
Se ela rachou a moringa é porque não existia mais um gole d’água pra beber.
Anos e anos, aprendizado, ensinamento, e daí? Ela está apenas exercendo o que se chama de direito de escolha, e você brother, nesse momento, não faz parte dos planos que ela traçou.
BDSM é fantasia cara! Aqui nesse cantinho escuro a escravidão não passa de um estado de espírito. Vai ver que ela gostou tanto do que viveu que resolveu experimentar o outro lado da moeda? E como você não lhe deu a mínima chance, ou quiçá esperança de um dia pular a cerca, ela entendeu que era hora de partir. E foi!
Tira umas férias, depois volta com tudo. Quem sabe vocês se encontram na próxima festa e...
Ta legal, você não vai querer ver essa cena, já sei. Pelo menos agora, o enterro foi ontem, mas lá na frente já com outra na ponta da sua coleira a cena nem te cause tanto embaraço assim.
Abre o olho brother! Olha pra tua identidade e verifica a data de nascimento. Agora pensa bem e analisa quantas vezes na vida isso já ocorreu? Não importa se tinha algum fetiche na história ou não, porque quebra de relação é a mesma coisa, aqui dentro e lá fora.
Bom, está ficando tarde. Vou partir.
Pede a conta e vamos rachar. Olha, conheço uma moça de vida horizontal que topa umas paradas mais ousadas, tipo submissa mesmo. Um amigo já foi lá e disse que é bater e valer.
Sem trocadilhos, certo?
Quer tentar? Nessas horas ajuda, dá uma força e você vai pra casa mais aliviado...

E tem outra coisa: pára de ficar pensando nela. Com quem ela está, como está e coisa e tal, porque até uma semana atrás o senhor estava literalmente cagando pra isso, portanto, não vá agora dar uma de bom moço hein?
Ah, já ia esquecendo. Esse negócio de afirmar aos quatro ventos que relação fetichista é diferente da vida real é papo pra boi dormir, concorda ou vai insistir nessa tese? Porque quando a coisa esquenta e existem duas vidas em jogo, uma delas vai vencer a batalha. Lembre-se disso e vai na boa. Abraços!


Desejo a todos um feliz 2013 e agradeço a presença por mais um ano por aqui!

2 comentários:

{lena}_PYRIEL disse...

Oi.
Passei aqui e deixei um beijo com o desejo de um grande Ano Novo em sua vida.
Sejas Feliz.

Anônimo disse...

Amotu!