Muita gente que não conhece bem o assunto vira e mexe me
pergunta o que é BDSM.
Ok. Há tópicos aqui demais sobre isso, mas vale lembrar
que se trata de uma sigla que resume algumas práticas como bondage, disciplina
ou dominação como sugerem alguns, sadismo e masoquismo.
Claro que algumas práticas consideradas fetichistas não constam
na sigla, mas elas existem e convivem com essa sopa de letrinhas. No entanto, não
basta gostar ou praticar BDSM, ou até alguma dessas práticas que não constam na
legenda, no meu ponto de vista, a pessoa que curte alguns destes elementos, listados
ou não, antes de tudo precisa ser fetichista.
Sim, porque há casos de pessoas que gostam de BDSM e não são
fetichistas.
Você há de me perguntar: mas tudo isso não significa
fetichismo? Ou melhor, a prática constante de determinada fantasia não é um
fetiche, ou um feitiço?
Galera a diferença está no detalhe e fetichismo é ter
apego aos detalhes. Porque existem praticantes que celebram suas cenas, abraçam
suas causas e não refletem o fetichismo. Eu já vi dominadora indo para uma cena
de short, camiseta de alça e chinelo de dedo. Por mais que o fetiche esteja na
mente é preciso demonstrar. BDSM não é só putaria, a identificação com o
conteúdo da proposta é essencial.
Seria inadmissível supor um bondagista se apresentando
para uma cena com um punhado de cordas velhas, desgastadas e rotas. O que a
parceira sedenta por uma cena lotada de glamour vai achar disso? Elegância e fetichismo
são parelhos e dependentes diretos.
Gostar de BDSM e suas práticas é bom, mas caprichar não custa
nada.
Mesmo que você esteja em casa ou num verão próximo a uma
praia onde relaxamento é palavra de ordem, colocar pimenta na fantasia pra
fazer bem feito deveria ser regra. Não me apego muito a liturgias, a códigos de
conduta restritos e absolutos. Me considero um tanto anarquista pra lidar com
isso, mas acredito na química que existe entre o praticante e a fantasia, senão
ela não seria uma fantasia.
Lógico que há exceções. Há artigos aqui em que conto
passagens em que a fantasia apareceu ao acaso e por conta disso quem gosta não vai
deixar passar. Nesse caso, qualquer rima é válida pra criar o soneto. Mas são casos
raros e se rolar a chance de uma próxima vez o planejamento se faz necessário
pra não deixar o barco à deriva. Porque se a prática fetichista é um antídoto contra
a rotina e monotonia, nada melhor que ser levada a sério e cercada de todo
capricho possível.
Agora, se a onda é enaltecer as práticas em redes
sociais, fetichistas ou não, e ter trabalho de postar fotografias mostrando o
entendimento do fetiche é obrigação do praticante ter cuidado com o que
apresenta.
Tenho visto coisas terríveis pela rede e custo a
acreditar que naquele perfil existe um fetichista de verdade ou se trata de
alguém querendo fazer sucesso num gueto restrito. Porque tem essa sim. Pessoas
que por obra do acaso acham espaço entre fetichistas e começam a colecionar
admiradores, abusam do direito de infestar perfis com fotografias que
teoricamente seriam fetichistas, mas na verdade não passam de pedaços de corpos
sem qualquer conexão com o significado da palavra.

É preciso sentir o odor das velas ardendo, o cheiro do couro
que se espalha no ambiente e flertar com imagens ao vivo. Lembrando sempre que
toda prática precede de literatura, de conhecimento, e a chave é procurar pra
depois de entender realizar.
E que toda realização seja rica em detalhes, adornada em
fetichismo para que a prática do BDSM valha realmente à pena.
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