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quinta-feira, 19 de maio de 2011
Arte
É como pintar um quadro, fazer nascer uma escultura.
A arte é admirável quando passa aos olhos de quem vê uma mensagem. Há diversas formas de apreciar uma obra de arte, desde o olhar critico, talvez de espanto e do prazer.
E nós, intrépidos bondagistas sedentos pela perfeição todas as semanas apresentamos o nosso trabalho. Pouco importa se há problemas ao redor, se chove ou faz sol. O que importa é jamais abrir mão do compromisso de fazer bem feito.
Parece estranho assumir o quanto é satisfatório admirar a obra do vizinho, ainda que ele seja um concorrente em potencial, mas tal atitude apenas contribui para que se firme um pensamento totalmente positivo, onde a arte sobrepõe qualquer espírito de disputa.
Patético e ignorante seria o individuo que fecha os olhos ao belo. Porque se o ato de imobilizar fosse apenas à aposta a ser feita, serviriam somente amarras de aço com uma boa tranca e a chave atirada num ralo qualquer. Mas não é bem assim quando se fala de nós de bondage, porque ainda que haja o interesse fetichista por instrumentos imobilizadores, como algemas, correntes e couro, a flexibilidade das cordas ainda é o melhor argumento.
Basta que haja vocação. A habilidade de lidar com as cordas vêm com o tempo de prática.
É como dirigir um automóvel. No começo tudo é complicado, os obstáculos ficam bem próximos e é comum ver novatos ao volante pelas atitudes e olhares. Com o tempo, porém, basta ligar a chave e tudo se torna automático e nem se percebe que um dia a tensão era a grande inimiga. Com uma imobilização de bondage é a mesma coisa.
Hoje quando inicio uma prática apenas observo os detalhes do corpo da parceira ou da modelo. Braços e dorso são meticulosamente medidos e traço o desenho antes de iniciar. E já nem me dou conta de que um dia isso foi uma tarefa árdua...
Nasce então uma imobilização que em meu entendimento é a mais correta. Penso na impossibilidade de escape, imagino a distancia dos dedos para os nós, e dessa forma, a obra toma corpo e a lente registra.
Já ensinei o oficio, posso ainda repetir a dose a quem se habilite, mas de antemão deixo claro que em quem o ato não desperta um algo mais toda vez que há um novo começo, é melhor desistir. Porque o fetiche necessita de causa e efeito para existir, tanto de quem produz a cena como pra quem a cena é concebida.
A troca de energia é vital para a existência do fetiche de bondage.
Mas o fetiche não é restrito aos riggers, os construtores dos nós. Qualquer um pode se arriscar imobilizando, porque no caso de bondage o aprisionamento precede uma cena onde a parceira ou o parceiro devem estar sem possibilidade de reagir ante o que é previamente combinado entre os praticantes. A fantasia viaja desde o aprisionamento para jogos de SM ou simplesmente relações sexuais mais apimentadas e cheias de aventura.
O que nós produzimos é apenas um exemplo de como alguém pode estar totalmente imobilizado. Daí surge à técnica necessária que é capaz de causar uma simetria tão perfeita que em determinados momentos lembra uma obra de arte.
Algumas passagens nestes tempos de fetiche me deixaram com o orgulho massageado. Desde um escultor que criou uma pequena estatueta em São Paulo há mais de dez anos espelhada numa fotografia de uma imobilização criada por mim, até os comentários de mestres bondagistas sobre meu trabalho. Gente que há anos está na vitrine e que conhece cada atalho de uma cena perfeita.
Por isso, vez por outra eu posto aqui pequenos exemplos dos seus trabalhos. A idéia não é expor diferenças para que cada olhar tente desvendar qual é o melhor. A intenção é divulgar o que se faz aqui e do outro lado do mundo, e deixar claro que a ótica do fetiche é a mesma, ainda que haja diferenças de idiomas e pensamentos distintos sobre a posição das cordas.
E para aqueles que acreditam que uma cena de bondage é capaz de despertar a cobiça pelos detalhes, em meu nome e de todos os bondagistas deixo apenas um muito obrigado.
Fotos:
Luana Fuster por ACM
Ovara por Rope Expert
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2 comentários:
nobre escritor e ilustre artista,
Eu fico assim, não apenas com a pureza da resposta das crianças, mas com a certeza de uma admiradora puramente lasciva de olhar voltado para o prazer....
Um olhar que se perde e se alucina com as mais variadas expressões, que se fascina com os desenhos nos corpos enclausurados nessa divina luxúria.
Que a cada novo dia, com sol, com chuva, frio ou calor, você e esses apaixonados bondagistas tenham a inspiração e a vontade de começar outra vez....*pisc
bjs sempre de fã incondicional
ternura_ACM
Ternurinha
Uma bela declaração de apoio irrestrito a causa...
Mil beijos
ACM :)
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