terça-feira, 5 de abril de 2011

Amigos Imaginários


Muita gente já ouviu falar nisso: pessoas que em pleno exercício da adolescência desenvolvem parcerias com seres invisíveis e com eles dividem suas emoções, sonhos e até planos.
Para alguns essa historinha acaba com a maturidade. O envolvimento com pessoas reais na juventude sepulta esses amigos imaginários criados num tempo de estio. Outros, entretanto, por alguma razão qualquer conservam esses hábitos e em determinadas situações em que é preciso se arriscar, trazem de volta esses personagens escondidos e os fazem renascer.
O fetiche, em principio, é uma dessas situações de risco iminente.
A priori ele foi tema de confissões íntimas a esses amigos imaginários lá atrás, quando ninguém poderia entregar seus segredos a pessoas reais. De fato, o amiguinho dos tempos de adolescência passa a fazer parte dessa nova descoberta e por várias vezes reaparece, mas desta vez como parceiro de cenas fetichistas.
Ele pode ser o dono de uma submissa insegura ou a dominadora de um submisso aflito.
A segurança afaga os desejos de ter um dono real e a aflição é atenuada com a presença de alguém como protetora de um fetichista carente.
Muitos já experimentaram essas situações. O amigo imaginário é o dono capaz das mais incríveis cenas que a submissa deseja viver, alguém que pode ter uma identidade clandestina revelada por um blog, um perfil no Google, enfim, ele e ela se fundem num mesmo desejo.
Enquanto a pessoa não se decide a abandonar o mundo virtual para se arriscar em ter os primeiros passos corpo a corpo, esses supostos compromissados perfeitos seguem sendo idolatrados. Alguns chegam a escrever afagos em forma de poesia ou até de maneira direta e ao mesmo tempo respondem por quem foi o alvo das ditas homenagens. Entendem-se, se completam e este suposto romance inventado acaba virando alvo de saborosas masturbações.
Tais atitudes são compreensíveis?
Diria que são necessárias para alguns por certo tempo. Durante o período de adaptação à nova vida é aceitável. Muitos ainda se sentem inseguros para cruzar a linha que delimita o sonho e a realidade e, por isso, recorrem a esta ajuda eficaz. Entretanto, chega o momento em que se torna impossível viver duas vidas numa só e é hora de afastar de vez o amigo, fruto da imaginação e se despedir dele pra sempre.
Entretanto, existem os que nunca cruzam essa fronteira e permanecem num mundo irreal conservando esses supostos parceiros. Algumas dessas aventuras duram anos e anos a fio e todas as desculpas do planeta fazem parte de um cardápio farto, toda vez que se declina de um convite para que ambos dêem o ar de sua graça.
O assunto é complexo e sempre haverá os que acreditam piamente que tais coisas não existem. Embora os fetichistas se acostumem com o fato de viver duas vidas, os chamados lado A e lado B, a teoria é completamente diferente. Porque ainda que existam dois tipos de comportamento essas pessoas o fazem de uma forma real, ao vivo, mesmo que sejam passageiros de dois mundos.
Já o fetichista que aposta suas fichas no abstrato tende a viver momentos de conflitos, cai em depressão solitária tentando dar vida a alguém que não passa de fruto de sua imaginação.
Nesses anos de convívio com os fetiches fui testemunha de casos deste tipo. Uns tiveram uma duração mais longa e outros sobreviveram por um breve período. Após algum tempo ambos desapareceram e nunca mais se ouviu falar do que antes era decantado em prosa na rede.

Houve um caso, em particular, em que uma submissa anunciou a desistência definitiva de qualquer ação fetichista, após confessar a todos uma suposta morte prematura do parceiro.
Foi mais uma historinha dentre tantas com riqueza de detalhes, desta vez com um final indesejado e lamentado por todos, dentre os quais me incluo, que acreditaram em tudo que ela contou por um longo tempo.
Pra encerrar deixo a todos a possibilidade de dar uma resposta a uma excelente pergunta de uma amiga a quem contei esses casos: “seria tal comportamento um tipo de fetiche?”

8 comentários:

Aninha Telles disse...

Olá Mestre

Faz tempo, muito tempo que por razoes alem da minha vontade deixei de comentar.
Mas nao pense que deixei de te ler, isso seria uma heresia.
Tambem né estou por aqui faz quase tres anos e vira e mexe ando colhendo sabedoria fetichista quando te leio.
Pensei em comentar o texto de ontem, mas tem tanta bronca la que preferi escrever aqui.
Ah, aquela foto de ontem...
Deliciosamente ficaria horas dentro daquelas cordas com metragem perfeita. Sabe ACM suas cenas mostram um cuidado fetichista incrivel e dá mesmo vontade de estar ali.
Talvez juntando o hoje com ontem eu consiga algum amiguinho invisivel pra me fazer uns nós daqueles, mas tinha que ter teu jeito e carinho.

É muito bom voltar aqui
Beijos da Aninha

ACM disse...

Querida Aninha

Te receber de volta só se for de braços abertos, daí te deixar amarrada não rola...rs

Brincadeiras a parte, te agradeço a gentileza do comentário sobre a foto de ontem, da mesma forma que afirmo e reafirmo que uma pessoa como você não precisa de um amigo imaginário para uma boa cena de bondage. Quer que eu empreste as cordas? rs

Muito feliz de ler você depois de tanto tempo. O universo fetichista agradece seu retorno e nós, bondagistas, celebramos a sua volta.

Beijos
ACM :)

((dog pet))_PH disse...

o SR tem muito conhecimento, eu gosto de ler, pq aprendo mais e mais, e acho q tive uma gangue imaginária qndo era criança viu. os virtuais continuam imaginarios, menos o SR q é bem cheiroso.

petbeijos...

ternura disse...

Olá querido Dono, mais uma vez vou eu bater um papo com seu jeito falado de escrever....rss

Bom se ter amigo/Dono/submisso imaginários é considerado fetiche, não sei a resposta cientifica, porém acredito o quanto frustrante deve ser...

Aiaiaiai não deve ser fácil, principalmente para as pessoas que moram afastadas das grandes áreas urbanas e lógico com a probabilidade bem menor de encontrar um fetichista de plantão, nossa e para as/os que temem a coisa na real, ahhh poxa aí a imaginação aliada entra em ação mesmo, ainda mais aqui na minha querida e adorada dona internet e seus sites de spanking..ui...sites de bondage..aiiii....blogs bonitos, repletos de histórias lascivas e sensuais, aquelas histórias de meninas amarradinhas e indefesas sendo usadas e abusadas para o bel prazer dos dois participantes de um jogo pra lá de erótico..ai meus sais..., ahhh vamos combinar que haja imaginação com muitos aiss e uisss....

Então no meu humilde entender e em meu singelo conhecimento popular não vejo como fetiche e sim como uma desesperadora maneira de lidar com os carentes desencontros fetichistas.

bjs reais a ti
ternura_ACM

ACM disse...

Querida dogpet

Obrigado pelo reconhecimento ao trabalho desse humilde fetichista.

Olha, já escutei falar de amigos imaginários, mas gangues...rs Haja imaginação... rs

Valeu pelo cheiroso...rs

Beijos
ACM :)

ACM disse...

ternurinha

Seu conceito é válido e a opinião, sempre e há muito tempo é bem vinda.

Claro que qualquer fetichista lida com dificuldades. Distancia, compromissos, vida social diferente, mas a blogosfera é rica, a internet simplifica os caminhos e diminui consideravelmente as distancias.

Na minha opinião plasmar praticas com um amigo ou amiga imaginária não é um fetiche, embora este amigo invisível sirva pra aplacar a fúria dos desejos, ainda que por algum tempo. Depois ou a coisa fica a vera ou é melhor desistir.

Haja sais em menina!

Beijos
ACM :)

princess kitty disse...

Olá outra vez!

Complexo isso, não?
Eu acho que até pode ser um fetiche (mas tirada as dificuldades reais que ternura_ACM tão bem descreveu), não passa de um fetiche baseado na insegurança.

Eu prefiro mil vezes viver uma realidade imperfeita do que ser uma fantasia perfeita.

Porque no real as coisas não são tão lindas e perfeitas como imaginamos, porém são inumeramentente mais prazerosas e compensadoras.

Por hoje é só, rsrs

Miaubeijos querido =^.^=

ACM disse...

Princesa, gostei muito da realidade imperfeita...

Acho que prefiro essa também!

Beijos
ACM :)