quarta-feira, 30 de março de 2011

No tempo das Revistas


Os registros mostram que as revistas fetichistas com temática de bondage, os chamados “Detectives Magazines”, começaram a ser publicados nos anos 20. Algumas dessas edições do começo do século passado mostraram o fetiche de forma cômica com imagens de bondage sugeridas através de histórias hilárias onde mulheres eram amarradas, sem muita técnica ou critério, porém, sempre com destaque ao lado Damsels in Distress (Donzelas em Perigo).
Havia um número limitado desse tipo de revista, que ganharam uma conotação fetichista de mais peso alguns anos depois, entre 1946 e 1949, estampadas nas publicações bizarras de John Willie e nos anos cinqüenta pelas páginas da Eneg’s Exotique.
Essas edições desapareceram no final de 1959, época considerada como a derrocada fetichista que só voltaria à moda algum tempo mais tarde.
Com a chegada dos anos setenta e a tão sonhada liberação social alcançada pela luta da geração anterior, algumas revistas especializadas em bondage começaram a florescer nos Estados Unidos. Nessa época surgiram as edições da Harmony Concepts, House of Milan e Lyndon Dsitribuitors Magazine, que anos depois adquiriu todos os direitos e publicações da House of Milan. Essas revistas não tinham uma distribuição através de grandes editoras, eram vendidas em separado nos Sex-Shops que começavam a aparecer ou em sistema de venda de correio.
Tipicamente, esses magazines traziam um layout muito comum, com estórias de rapto seguidas de fotos de mulheres amarradas como ilustração. Uma foto ou no máximo duas para cada conto que preenchiam as cerca de vinte e cinco ou trinta páginas publicadas.
Algumas vezes as fotografias eram substituídas por trabalhos de artistas que desenhavam mulheres imobilizadas e começaram a fazer parte da história do fetiche.
Outro fato comum eram as entrevistas freqüentes com expoentes da indústria que não parava de crescer e tornavam-se famosos no mundo inteiro. Com exceção da Harmony Concepts, a Milan e a Lyndon passaram a preencher suas páginas com propagandas de seus vídeos que anunciavam em catálogo no final da edição.
Devido à pequena circulação, muitas dessas revistas apresentavam um material de pouca qualidade se comparadas à indústria pornográfica, e muitas vezes mais de oitenta por cento das páginas eram em preto e branco, contrastando com excelentes fotografias a cores. Nas décadas seguintes, com o sucesso alcançado e o conseqüente aperfeiçoamento começaram a surgir às revistas totalmente coloridas, sendo que algumas conservaram ainda o projeto “color and black white”.
Esse crescimento levou algumas revistas a mudarem de linha fetichista e as publicações com conteúdo BDSM passaram a tomar conta do mercado. Cada vez mais picantes, deixaram de lado o gênero Damsels in Distress inocente e apostaram numa nova linha alcançando um público ainda maior.

Nos anos noventa com a chegada da internet algumas dessas revistas aos poucos foram perdendo espaço, conservavam, porém, o aspecto BDSM cada vez mais acentuado onde muitas dominadoras tinham suas próprias revistas apresentando seus trabalhos e ainda conseguindo uma boa tiragem. Mesmo com o mundo cada vez mais globalizado, divas dominantes como Be Be LeBadd e Alexis Payne continuavam mostrando em revistas suas sessões de spanking e lançaram o estilo “Men in Bondage”.
Em 2003 todas essas revistas desapareceram pra sempre do cenário e são encontradas em saldos de pessoas que negociam como pérolas através da internet. A única edição remanescente de êxito é a famosa Taschen que conserva toda a tradição das antigas revistas criadas há anos atrás.

(Fotos: Capas das Revistsa Bondage Life/ Harmony Concepts publicadas por Lyndon Distribuitors entre 1977 e 2001)

4 comentários:

  1. Olá querido!

    Eu sou da era da internet e nunca vi uma revista dessas, mas achei muito interessante.

    Eu como adoro fotografia, fiquei imaginando como eram realizadas as imagens, e o trabalho naquela época em que não se tinham tantas facilidades e o fetiche não era tão divulgado em ampla escala como hoje em dia.

    Adorei!

    Miaubeijos =^.^=

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  2. Olá Princesa,

    Essas revistas, assim como algumas publicações antigas de outros gêneros, tornaram-se "cult".

    Nem tanto aqui no Brasil, mas é muito comum ver no exterior e, principalmente na Internet, colecionadores em busca de números raros e alguns anunciando vendas.

    Pra que você tenha uma idéia, uma revista que na época custava cerca de Nove Dólares, hoje não é negociada por menos de Cem.

    Adorei tua vista, como sempre!

    Beijos
    ACM :)

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  3. Uau, me arrependo de não ter comprado mais revistas na época, principalmente o número derradeiro da Bondage Life. Era uma saga pra conseguir comprar as revistas no Brasil.
    Notei que vc nunca escreveu sobre a Kristine Imboch, ou Lorelei, como é conhecida hoje. Ela foi editora da BL, até hoje sou superfã dela. Fica aí a sugestão.
    Abraços
    Psicopato

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  4. Fala Psicopato

    Bom te ver por aqui.
    Brother, se você der uma vasculhada vai achar material da Lorelei, por dois motivos: assim como você também sou um fã do trabalho dela e do marido, John Woods, mas devo realmente ter deixado de mencionar os tempos de solteira quando ela ainda era a Kristine Imboch das procuções da Harmony.

    Essa confesso que pulei.
    Mas como vale a lembrança, vamos postar material da moça.
    Bem lembrado brother!

    Abração
    ACM :)

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