
Longa madrugada…
Um frio do cacete e uma mulher maluca do lado. Deu a marcha ré no carro e acertou o poste. O manobrista ficou com uma cara de paspalho e confesso que eu também fiquei.
Isso foi em Sampa, há muito tempo e hoje me lembrei dessa criatura desmiolada e suas intrépidas aventuras curiosas.
A curiosidade é o primeiro motivo de approach para o BDSM. Isso é fato comprovado.
E eu havia entrado de gaiato naquele navio, porque a garota estava na mira de um parceiro que desejava ter com ela as mais tórridas cenas sadomasoquistas, afinal esse era o fetiche dele.
Minha estada em São Paulo não conhecia o endereço dela e muito menos tinha, e até hoje não tenho, vocação para furar o olho de amigos, mas a pedido do cara encontrei com ela pra passar um pouco de conhecimento sobre o fetiche, seus prós e contras.
Só não contava com as atitudes da beldade.
Marcou num restaurante que só de sentar valia cem pratas. Quando me vi envolvido no imbróglio era impossível voltar atrás. A pinta de granfina desapareceu nos primeiros copos que tiveram incontáveis seguidores. A mulher amarrou um porre de doer.
Totalmente anestesiada e rindo até de fratura exposta, aquela altura dos acontecimentos não dava a mínima pra mim ou para o que eu tentava explicar sobre BDSM. Se é verdade que a orelha de quem se fala mal esquenta, posso assegurar que a do meu amigo naquela noite torrou, escafedeu-se, porque meus xingamentos pegaram a ponte aérea de volta e foram parar direto em seu ouvido.
O cara me fez embarcar numa autentica furada e eu que cheguei com pose de professor de fetiches estava literalmente fazendo um incrível papel de babaca.
Lá pras tantas resolvi terminar com o pesadelo. Pedi a conta, paguei chorando e conduzi a dita cuja até a porta para ir embora. Nesse momento difícil ela revelou que teria que fazer uma viagem de mais ou menos uma hora e meia até Valinhos, pois morava lá.
Olhei pra cima e falei: chega porra!
Aquela mulher não podia fazer nenhuma viagem de carro que durasse mais de cinco minutos, que, aliás, era o tempo até chegar ao meu hotel.
Daí surge o carro no poste, o manobrista com cara de otário, até terminar na portaria do meu flat, quando peguei a chave e levei a quase adormecida pra dentro do meu cafofo.
Embriagada, tirou a roupa assim que entrou pra começar a encher o saco e pedir para ser dominada. Não dava, por consideração ao meu amigo e a meus próprios princípios. Neguei fogo brother, de cara.
Levei à doida direto pro banheiro onde tratou de vomitar tudo que havia comido e bebido.
O pior foi constatar que depois de derramar litros de álcool privada abaixo, ela saiu lépida e fagueira querendo beber mais, se fazendo sensual e provocando mais que o capeta.
Pensei: “essa mulher vai dormir amarrada”. Porém, entre ser acusado de cárcere privado e excitar ainda mais aquela garota sem juízo, optei por uma terceira opção, que era fazê-la acreditar que eu queria somente tirar uma soneca pra ir embora no dia seguinte.
Depois de muita luta ela adormeceu. Ao colocar-lhe a coberta pude perceber que aquela garota de vinte e seis anos era um avião, mas ao mesmo tempo o comportamento fora tão insano que qualquer um teria desistido.

Fiquei vendido. Nem um muito obrigado por preservar a soberania feminina aquela transloucada bafejou. Fiquei com cara de tacho sentado na sala assistindo a tudo impávido imaginando quantas eu iria despejar pra cima do cara que me passou o fardo.
Quando encontrei com ele e ouvi a pergunta sobre o que eu achei dela e se tinha dado certo o papo sobre fetiches apenas respondi: “ela tem dois caminhos a seguir: um manicômio ou o A.A.”. Parei por aí. Foi melhor ocultar os detalhes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário