terça-feira, 17 de agosto de 2010

BDSM: Da Origem aos Tempos Modernos


As origens históricas do BDSM são obscuras. Durante o século Nove AC, rituais de flagelações eram realizados em Orthia Artemis, uma das áreas religiosas mais importantes da antiga Esparta, onde o Culto a Orthia foi praticado. Este ritual era chamado de “diamastigosis”.
Uma das mais antigas provas das atividades sadomasoquistas foi encontrada em um cemitério na Tarquinia. Dentro da Câmara “Della Fustigazione” (Surra), dois homens são retratados flagelando uma mulher com uma bengala e com as mãos durante uma situação erótica. Outra referência relacionada com a flagelação pode ser encontrada no livro Seis de Sátiras do poeta romano Juvenal, ou ainda, na obra Satyricon de Petrônio, quando um delinqüente é chicoteado por excitação sexual.
O Kama Sutra descreve quatro tipos diferentes de espancamento durante o ato sexual, as regiões permitidas do corpo humano para direcionar a palmada e vários tipos de gemidos ou "gritos de dor" na prática sexual. A coleção de textos históricos relacionados com experiências sensuais explicitamente enfatiza que o jogo de bater, morder e beliscar durante as atividades sexuais devem ser executadas apenas por consenso, uma vez que algumas mulheres não consideram tal comportamento prazeroso.
A partir desta perspectiva, o Kama Sutra pode ser considerado como um dos primeiros recursos escritos a lidar com atividades sadomasoquistas e regras de segurança. Outros textos com conotação sadomasoquista começaram a aparecer no mundo durante os séculos seguintes de forma regular.
Há relatos de pessoas sendo amarradas ou chicoteadas, como um prelúdio ou substituto para o sexo, durante o século XIV. O fenômeno do amor cortês medieval em toda a sua devoção retrata escravidão e ambivalência, e foi sugerido por alguns autores como sendo um precursor do BDSM. Algumas fontes afirmam que o BDSM como uma forma distinta de comportamento sexual é oriundo no início do século XVIII, quando a civilização ocidental começou a caracterizar legalmente e fisiologicamente o comportamento sexual.
Há relatos de bordéis especializados em flagelação por volta de 1769, ou fatos que foram divulgados antes, através do romance de John Cleland Fanny Hill, publicado em 1749, que menciona cenas de flagelação.
Outras fontes dão uma definição mais ampla, citando o comportamento BDSM, praticado em outros tempos e outras culturas, tais como os flagelos medievais e rituais de algumas tribos indígenas da América.
Embora os nomes do marquês de Sade e Leopold von Sacher-Masoch dão significado aos termos sadismo e masoquismo, respectivamente, a forma de vida de Sade não gera um paradigma, pois insistia em não cumprir as normas modernas de BDSM, principalmente quanto ao consentimento pré-estabelecido.
Idéias e imagens BDSM existiram na periferia da cultura ocidental ao longo do século XX. Robert Bienvenu atribui às origens do BDSM moderno a três fontes, que ele chama de "Fetiche Europeu" (de 1928), "Fetiche Americano" (de 1934), e "Couro Gay" (de 1950). Outra fonte são os jogos sexuais realizados em bordéis, que remontam ao século XIX, se não antes.
Na era contemporânea temos Irving Klaw, que durante os anos 1950 e 1960, produziu o primeiro filme comercial e fotografou o tema BDSM (principalmente com Bettie Page) e publicações gráficas desenhadas pelos artistas de bondage John Willie e Eric Stanton.
Stanton e sua modelo Bettie Page, tornaram-se os primeiros a fazer sucesso na área da fotografia fetichista, afinal, o fotógrafo conseguiu retratar uma das mais famosas pin-ups da cultura mainstream americana.

O autor e desenhista italiano Guido Crepax foi profundamente influenciado por ele, inventando o estilo e desenvolvimento de histórias em quadrinhos de adultos na Europa na segunda metade do século 20. Os artistas Helmut Newton e Robert Mapplethorpe são os exemplos mais proeminentes da crescente utilização dos motivos BDSM relacionadas com fotografia moderna e os debates públicos daí resultantes.

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