
Ela andava desgostoso da vida devido aos costumes do novo milênio.
Viveu nas décadas de setenta e oitenta o fascínio adquirido em revistas masculinas, quando contemplava belas mulheres famosas exibindo a genitália coberta de pelos. Se pudesse, mudaria o rumo da prosa e através de um ato institucional mandaria fechar todos os centros de estética e salões de beleza onde as moças se depilam.
Divorciado, passou anos em um casamento em que a esposa jamais admitiu deixar os pelos crescerem.
O sujeito, entretanto, seguia sua peregrinação quase solitária como se estivesse à procura de alguma coisa que havia deixado no passado e, certo dia, surtou de vez, partindo decidido a encontrar o seu fetiche a qualquer preço.
Meteu a mão no bolso e recorreu ao caminho mais rápido: o sex delivery.
Navegou em todos os sites possíveis e imaginários dando com a cara na porta quando insistia em ter uma mulher peluda para sua noite perfeita. Por mais prestativas que fossem as “atendentes” elas não tinham em catálogo nenhuma que pudesse suprir suas necessidades.
Num começo de noite saindo do trabalho, recebeu uma ligação no celular de uma mulher se dizendo de um site onde ele buscou a mulher não depilada. Esfregou as mãos e combinou ligar assim que chegasse em casa para acertar os detalhes finais.
Animado, decidiu que o evento merecia algo muito especial e marcou num motel de alto luxo para brindar seu sonho saboreando cada pedaço.
O telefone tocou e ele foi até a porta esperar por uma mulher em cima de um salto de vestido curto e olhar provocante. Pra sua surpresa, uma garota magrinha, jovem, de pele branca e cabelos negros escorridos, trajando uma calça jeans e uma blusa de malha de alça morta de vergonha por estar ali, lhe deu um “olá” mais seco que uma dose de Gim com Dry Martini.
Encabulado e sem ter o que dizer àquela menina com jeito de vendedora de livros, ele se ajeitou no sofá da suíte e tratou de oferecer uma bebida para descontrair o ambiente.
“Coca-Cola”. Ela disse sem esboçar um sorriso e ele pensou: “fudeu, isso aqui vai ser uma merda!”.
O jogo de xadrez foi intenso e a tensão só começou a diminuir quando rolou uma aproximação na base de um verdadeiro ataque soviético e a garota encabulada sucumbiu aos seus carinhos. Embora estivesse ali por questões profissionais, era flagrante sua inibição e notadamente ela estava envolvida naquele caso pela primeira ou segunda vez, porém passou a comandar a cena quando deixou cair às calças e ainda de roupa íntima seus pelos ficavam à mostra.
O sujeito havia pedido um milagre e alcançado a graça.
Aquela garota tinha um baú contendo todos os seus desejos, realizando um sonho que vinha de tanto tempo que ele nem se lembrava mais como era ver aquilo ao vivo, diante de seu nariz.
Tentou de todas as formas ter a mulher pra sempre. Seduziu, marcou encontros sucessivos gastando boa parte de sua renda em motéis e bares na ilusão de conseguir arrancá-la daquela vida sem rumo e chegou a ignorar a diferença de idade entre ambos.
Ela tinha outros planos e ele não fazia parte de sua lista de desejos. Naquele momento ela estaria ali, disposta a ter apenas “um cliente” que seduzia ao deixar seus pelos crescentes.

Sequer imagino que fim levou a mulher, mas o cidadão hoje anda loucamente à procura de uma mulher que tenha pelos nas axilas. Através de incursões em salas de bate-papos fetichistas ele tenta a sorte, e também insiste em achar nos sites de garotas de programas.
É brother, ninguém esquece o fetiche, ainda que deixe de lado por algum tempo ele sempre volta a incomodar. O melhor mesmo é saber lidar com tudo isso.
Um comentário:
mo um comichão a hora que ele flui ninguém segura , nem a gente!
beijos amarrados
ìsis{Mr Nelson}
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