quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Até a Página Três…


Aí você encontra o broto! Que felicidade, que felicidade...
Não, você não vai convidá-la pra sentar, na certa há coisas muito melhores a fazer.
Ela é linda, algo impensado de acontecer de repente, do nada, num suspiro de poeira cósmica.
Você joga uma conversa, afia o canto do cisne, dá uma “pedalada” no ouvido da desejada e ela se derrete e diz na tua cara que seu sonho é ser seqüestrada.
Pronto, se o coração estiver cem por cento é capaz de o distinto amigo sobreviver, mas devido à alta carga emocional a que você está sujeito é bom se cuidar pra não capotar na próxima curva.
Nesse exato momento suas duas cabeças pensantes estão em total estado de euforia, descarregam doses de otimismo generosas em sua corrente sanguínea fazendo com que sua suposta timidez vá literalmente para o inferno.
É hora de virar para a página dois e mostrar todo seu conhecimento de causa, falar de suas experiências de vida fetichista, afinar seu instrumento (ops!) e falar do assunto como um orador de formatura, o mestre dos mestres, aquele que era o sonho da beldade antes mesmo dela nascer.
O paraíso está a apenas dois passos e ela, como uma bela ovelhinha, pronta para ser imolada por sua sede fetichista e seu tesão que nem o tempo é capaz de apagar. E a tendência é o aquecimento global de sua libido, porque aquela mulher antes comportada e com cara de burguesa começa a detonar seus desejos sórdidos e oprimidos.
Conta que viveu infeliz, engaiolada num casamento sem emoções, que sempre sonhou em ser algemada e conduzida à força a uma boa trepada e, pior, que nunca cruzou com ninguém que a fizesse realizar sua fantasia sexual.
A partir dessa linha você se sente como o Presidente da Galáxia, com todos os poderes concentrados nas mãos e solta a velha frase: “não precisa mais procurar meu amor. Tudo que você quer eu adoro fazer”.
Tudo pronto, atores no palco, teatro arrumado, público chegando, é hora de começar a festa!
Mas aí entra um “porém”, porque é hora de virar até a página três.
Com a palavra a musa de seus sonhos: “bom, na verdade, o que eu quero mesmo é viver essa aventura de forma completa. Gosto de ser possuída literalmente, à força mesmo, agarrada pelos cabelos, levar uns tapas na cara, aliás, tapas mesmo e ser maltratada ao extremo. Não existe um tesão maior que a submissão completa. Gosto de levar chicotadas até marcar, vale pontapé na bunda, soco na cara, e asfixia. Hum, adoro asfixia”.
Continua: “meu ex-marido era policial e várias vezes pedi a ele, quase implorei para me enfiar o cassetete no rabo a seco, sem dó ou piedade, sabe, na frente e atrás ao mesmo tempo”.
Chegaaaaaa!!!
Lentamente você, bondagista por natureza e excelência, vê seu pau broxar aos poucos, lentamente levando seu sonho pelo ralo adentro na maior cara de pau. Você chega a pensar em apresentar a mulher a um amigo sádico e lamenta o desperdício de saber que é impossível dar conta do que aquela “Deusa” deseja.

Seus tempos de dono do pedaço acabaram e não há mais saída.
Ela percebe seu “desgosto” e aos poucos abandona o ringue antes da luta começar, até porque o nobre admirador de bondage já jogou a toalha faz tempo.
Depois de tanta confissão sadomasoquista, nada mais resta a fazer senão apoiar aquela mulher à beira de um ataque de nervos à procura de um sádico de plantão, que ela chegou a supor que encontraria em você.
Pois é, “shits happen”. É hora de pedir a conta e espraguejar a maldita página três...
Não ri não brother! Além da possibilidade de acontecer com qualquer um essa história é real e há testemunhas, infelizmente.
Na próxima, quem sabe...

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