quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Uma Mulher Amarrada


Bom, procurei traduzir esse texto para o português de uma maneira que não alterasse muito o conteúdo, porém é interessante tentar assimilar como o fetiche mexe com os sentimentos de uma pessoa.

Por Facundo Olivares

Abri o link e me deparei com uma imagem: uma mulher jovem e bonita amarrada e amordaçada. Uma cena de terror e medo? Alguém passando por momentos de angustia e desespero? Não, a imagem e meus olhos deixaram clara uma relação que carrego comigo desde que comecei a entender sobre sexo, porque para mim aquela mulher atada significa a minha própria existência.
Um homem fetichista não tem do que se queixar passados mais de quarenta anos de vida, porque ainda que tenha esperado tanto tempo para ver seu sonho materializado, ele deve perceber que não importa os anos vividos antes de chegar até aqui, se o momento significa a realização de sua fantasia.
Embora se descarte as publicações que não compactuam com os nossos interesses, a internet abriu as portas para nos mostrar que havia luz além do horizonte e, em qualquer lugar desse planeta existe alguém que pensa da mesma forma, atua com os mesmos instintos.
Desfrutando as delicias que a imagem produziu em meu subconsciente, parto em busca de colocar em prática – meus planos sórdidos – e cheio de esperança acredito que a mulher da sala ao lado fará parte da minha aventura. Ledo engano. Passo a ter plena consciência de que a investida é o momento mais complicado.
Mas se cheguei até aqui, se assumi meus riscos, desistir seria impensável e não haveria possibilidades para qualquer recomeço. Então imagino que a mulher que fará parte de meu cenário vivo deve concordar em realizar não só a minha fantasia, porque tudo que somente a uma pessoa pertence não é capaz de ser enxergado por ninguém mais.
A chave que impulsiona esse motor é buscar na sua parceira aquilo que mais lhe agrada numa relação sexual, para depois tentar achar um lugar para o fetiche. Dessa forma, ela estaria inserida dentro do contexto e a conversa deixaria de ser solitária.
Viver uma relação fetichista é como viver um relacionamento que o mundo considera como normal, os altos e baixos são inevitáveis proporcionando dias felizes e noites de tristeza. É necessário conviver com esse problema como qualquer ser humano e deixar o fetiche para as horas onde ele deve se fazer presente. Ninguém muda em nome de uma tara sexual, porque temos nossas individualidades, duvidas e maus momentos.
Se um dia a relação terminar, não pense que seu fetiche estragou tudo ou que você não soube lidar com isso. Amores chegam e se vão, todos os dias e todas as noites. Mas o fetiche permanece até o fim de seus dias. Tenha a certeza de que ela vai embora com uma ponta de saudade incapaz de cicatrizar, e lembrará dos dias felizes ao lado de alguém e suas loucas fantasias maravilhosas.
Chega-se a conclusão de que viver cada momento como se fosse o ultimo é aproveitar cada pedaço que a vida nos brinda de regalo.


Facundo Olivares (Facu) é bondagista, gerente de operações de uma corretora e vive no bairro de Almagro, Buenos Aires, Capital Federal.

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