
Vinte um anos de idade, muita história pra contar de aventuras em que cada capítulo retrata coisas incríveis. Vamos a elas.
Moradora da Cidade de Deus no Rio de Janeiro sofreu um estupro aos quatorze anos de idade de forma brutal, por um vizinho que até hoje olha nos olhos. “Na verdade eram três caras, amigos de uma prima viciada em maconha que me levou ao apartamento deles. Drogada e sem possibilidade de reagir diante da violência, pensei em me atirar da janela e só não fiz porque com o efeito da droga as minhas forças eram mínimas”.
Entregue a vida mundana desde o fato, Lia conta que seus dias passaram a ser páginas de publicações pornográficas em todos os modos e atitudes, até que um dia ainda menor de idade, encontrou nas páginas de um jornal uma “agenciadora” que lhe mostrou o caminho da prostituição. Mesmo correndo riscos por abraçar uma vida de meretrício ainda menor, Lia deu os primeiros passos para um submundo onde impera a lei do silencio e do temor.
Nessa conversa informal, ela apresentou um leque de experiências fetichistas de fazer inveja a qualquer livro ou manual de práticas. “O primeiro caso foi incrível. O cara tinha o aspecto do Pingüim, personagem do Batman, morava numa mansão na Estrada do Joá que tinha até elevador interno. Minha colega que me acompanhou já tinha me dado um toque de suas manias e logo quando chegamos ele nem quis me ver nua, mandou que eu evacuasse em cima de seu peito e assim que consegui tive que espalhar a merda por seu corpo até o pescoço. Saí assustada, mas dali em diante o que veio passou a ser tão normal quanto escovar os dentes”.
Lia sorri e continua com suas jóias raras: um cara que se vestia de empregada, lavava a louça na sua frente e ainda queria umas palmadas, outro que se vestia de mulher (feminização) e gostava que ela fizesse sexo oral com seu membro preso entre as pernas e virado na direção do ânus. Um segundo feminizado era passista e gostava de sambar de biquíni fio dental diante de seus olhos atônitos.
Vários podólatras fizeram parte de seus “clientes”. Desde um cara que exigia que ela usasse salto alto e se masturbava dentro do Escarpin, um outro que pedia que ela se apresentasse de tênis ou longas botas. “Esse era especial, porque além do chulé variado entre os diversos tipos de calçado, delirava quando eu esfregava a bota com força em seu rosto, ou com o cheiro da minha meia usada. Depois era só esperar ele terminar de se masturbar, pegar meu cachê e ir embora. Me davam pouco trabalho e eram muito educados”.
Dentro dessa educação fetichista colhida através desses contatos, Lia despertou ainda mais a cobiça da Cafetina a quem prestava seus “serviços”. Ela conta que havia um sujeito que gostava de ser humilhado desde o momento que ligava para a agencia, então passou a atender seus telefonemas e o ofendia de todas as maneiras possíveis. Excitado, o cara não hesitava em contratar o serviço imediatamente, a tal ponto de atingir o orgasmo em pouquíssimos minutos tão logo ela chegava ao local de encontro.
“Foram muitos, há até os que não me lembro, porém alguns marcaram e ainda fazem parte dos meus dias. O cara que queria ser amarrado com fio de nylon, o que adorava ser penetrado por um consolo e ser queimado com ponta de cigarro, até um bem velhinho que pedia para que eu cagasse numa xícara e depois de jogar o cocô fora dava uma levada superficial e dizia que no dia seguinte daria para a esposa tomar café”.
Lia garante que recebeu várias propostas de fazer sexo amarrada, mas nunca aceitou com medo de sofrer algum tipo de violência por estar indefesa.

O que mais me impressionou foi à maneira despojada e sem subterfúgios que ela me concedeu essa entrevista.
Assumida, ela não se envergonha de nada e alguns arrependimentos a parte de coisas que ela mesma garante que não faria outra vez, Lia tem sonhos com uma vida normal, sem passar pelos abismos que ela tem que enfrentar todos os dias.
As pedras que apareceram em seu caminho jamais conseguiram tirar sua alegria de viver, mesmo tendo que se submeter a tanta maldade e falta de sentimento, o que faz essas experiências fetichistas parecerem os melhores momentos de sua vida de prostituição.
Ela me negou contar seus sonhos e desejos secretos e muito menos assumiu ter gostado de qualquer uma dessas práticas que ela teve que aprender, mas quando foi embora deixou um vazio que é até difícil de entender.
Um comentário:
Ela parece bem a vontade expondo essas experiências. Acho que mulheres com esse tipo de profissão colhem esses fetiches e chegam a se acostumar com eles de tal forma que passam a ser corriqueiros.
Mesmo que alguns sejam estranhos devem ser respeitados.
Ponto pra você ACM pela iniciativa e a coragem de sempre em abordar tudo de maneira bem natural, desmistificando mitos.
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