terça-feira, 15 de setembro de 2009

E se fosse verdade...


Estranho seria se o mundo fosse da maneira exata como sonhamos.
Simples, bastaria piscar os olhos e num passe de mágica tudo que imaginamos como a perfeição estaria materializado num mundo à nossa maneira, bem na nossa frente, pronto pra nele vivermos nossos melhores momentos.
Se cada pedra no caminho fosse de isopor, cada muro um grande painel pintado em papel crepom, não existira pecado ao sul do equador.
Toda manifestação fetichista seria compreendida e perdoada. Ninguém precisaria de rótulos ou recorrer a imagens estáticas e sem sentido, ninguém seria prejudicado em suas atividades por cometer o inócuo crime de ser um inocente fetichista.
Teria me olhado no espelho no esplendor da adolescência e me sentiria mais normal que um monge budista. Jamais teria perdido hora e meia diante de um filme de ação pra ver uma moçinha amarrada por míseros minutos. Três, quatro, cinco, sei lá, até porque o resto não importava muita coisa...
Solenemente evacuaria um quilo para todos aqueles moralistas idiotas que me torceram o nariz e só enxergaram a perversão onde o que havia era uma manifestação pura dos meus mais íntimos sentimentos. Porque o mundo teria sido traçado por mim, com todas as linhas e formas que eu imaginasse perfeitas.
Jamais teria recorrido a subterfúgios e todos os meus relacionamentos teriam sido maravilhosos, sem mentiras imbecis que me fizeram parecer idiota após ter minha veia fetichista ceifada como uma privação de sentidos e liberdade em nome de parecer “normal” a olhos que só queriam ver o que a eles interessava.
Mas nesse mundo totalmente novo, não haveria nenhuma tentativa de golpe ou tirania capaz de modificar a ordem instituída, somente uma pregação ao respeito por uma forma de pensar um pouco diferente do que se intitulou como regra social. Se não é politicamente correto ser fetichista e praticar sexo de forma diferente então esse mundo que eu vivo é uma merda? Nem tanto, se levarmos em conta que as pessoas são produtos do meio em que vivem. Elas traçam os planos do lugar que habitam.
No mundo que imagino as criticas seriam ao fetiche praticado, mostrado, falado ou escrito, mas nunca a simples vocação de ser um fetichista. Uns podem gostar de um jeito ou de outro, podem dar razão a impulsos diferentes, o que soa totalmente distinto de misturar tudo num mesmo saco e dar a descarga.

E se isso fosse verdade o mundo não esqueceria seus problemas e todas as barbáries e imbecilidades políticas não acabariam da noite para o dia, porém, ninguém se importaria com o que você faz e que te proporciona incontáveis momentos de felicidade.
As pessoas passariam a viver sua própria vida e deixariam de tomar conta da vida alheia.
Claro que nem tudo pode ser da forma como queremos e temos muito que evoluir para chegar a anos luz do que se pensa chamar de perfeição. Mas se tudo começasse por pequenas coisas talvez mudando a maneira de pensar de cada um, poderia ser bem melhor.
Quem sabe um dia não existam filmes fetichistas sendo exibidos num cinema mais próximo, onde loucos como eu formariam fila com sacos de pipoca e refrigerante esperando pela próxima sessão?
Não custa nada sonhar...

Hoje tem um lindo set da Nany no Bound Brazil. (Foto)
Quem não achar essa imagem perfeita, que atire a primeira pedra!

2 comentários:

Maria Augusta disse...

Poxa, estive um tempo afastada por conta de alguns acertos que de vez em quando são comuns. Mas assim que volto e tento ler tudo que perdi, me deparo com essa MARAVILHA que você nos dá de presente hoje.
A percepção é incrivel e dá mesmo vontade de viver no SEU mundo, que também seria NOSSO.
Parabéns ACM.
Lindo, muito lindo, extremamente perfeito!
E parabéns por seu filme.
Beijos, beijos e beijos

Roger (Esfinge) disse...

Bom, eu ñ atiraria uma pedra na fotografia e sim uma flor.
Embora eu seja gay e digo isso pq acompanho seus artigos e vejo q vc é uma pessoa sem preconceitos, admiro a beleza quando ela está diante dos meus olhos.
Nunca comentei aki, mas dada a relevancia deste artigo e da forma como foi elaborado queria lhe dar os parabéns por ser uma pessoa cheia de sentimentos, utitlizando-se de metáforas na hora e tempo exatos.
Sou jovem, tenho 24 anos e como já disse antes sou gay, e ñ penso na possibilidade de me assumir tal como disse muito bem sobre o que pensam os falsos moralistas.
Aprendi muito de fetiches nos meses que sigo o blog e gostaria também de deixar um elogio quanto a forma sistemática que atualiza. Jamais nos sentiríamos abandonados de sua escrita.
Se possível peço q num desses tantos artigos dedique algo especial que envolva bondage, podolatria masculina e homossexualismo. Ficaria feliz!
Já chateei bastante!
Outra coisa: admiro homens maduros q sabem o sentido da vida (isso ñ é uma cantada barata...rs)
Obrigado.