quinta-feira, 31 de julho de 2008

Medo


Muitas coisas em comum do nosso dia a dia podem estar relacionadas ao fetiche. Ter medo, sentir a sensação do perigo iminente será um fetiche? Muita gente acha que sim e várias situações podem ser relacionadas a algumas fantasias. Por exemplo, em um jogo de bondage, bem feito, a pessoa que está imobilizada pode sentir-se ameaçada por quem a fez prisioneira e ter no medo preliminar o desfecho num orgasmo prolongado. Porém, se a pessoa a qual estou me referindo não souber lidar com isso podem acontecer duas coisas: primeiro, criará uma fobia de cordas e nunca mais se deixará imobilizar, ou em sabendo que o desfecho será prazeroso não deixará que o medo momentâneo lhe tome por inteira e aparentará ao parceiro o epílogo de uma grande obra teatral. A sensação de medo postada nessa matéria nada tem a ver com fobia, porque seria um tema patológico demais para ser analisado por um leigo no assunto. O medo referido é a sensação do que está por acontecer, um pânico momentâneo, que se desfaz no desfecho benigno do caso. Se mudarmos de panorama e deixarmos o fetiche de lado, podemos chegar a alguns casos muito mais corriqueiros e citar pessoas que têm melhores resultados de prazer quando praticam sexo em escadas de prédio, no carro, na escuridão de uma rua deserta, porque a idéia de que alguém pode aparecer e melar tudo, provoca-lhes um “medo gostoso” da exposição de sua intimidade, o que acaba contribuindo para um resultado muito mais satisfatório. Fantasias sexuais são excelentes quando vividas por inteiro, sem limites muito rasos, claro que dentro de um principio totalmente consensual. Conheço casos de pessoas que só admitem uma relação de bondage se ameaçadas por armas brancas, e querem ter a plena sensação de estarem sendo submetidas contra a vontade. Conseguem, neste caso, viver cada momento da fantasia e assim fica mais fácil sair do mundo real para a imaginação num piscar de olhos, retornando vitoriosas com o que foi realizado. Reparem que na maioria dos trabalhos de bondage quando há garotas em perigo, o olhar do medo e angústia é muito mais aparente do que uma aparência submissa. O medo inexiste numa relação pré-estabelecida e demasiadamente combinada
porque deixa de existir o tal momento em que a máquina dispara o gatilho. Uma relação S&M pode misturar medo e sofrimento num mesmo pacote e vai desde o começo até o fim, dependendo do grau de castigo o qual o submisso está pré-disposto a consentir. Imagine uma pessoa presa a uma Cruz de Santo André e que tenha tendências submissas e masoquistas. Quantas sensações interligadas essa experiência pode trazer?
Pensando nisso, o medo dever ser relacionado ao fetiche, seja ele extremo ou não, sempre deixando bem claro que esse medo deve andar de mãos dadas com o limite de cada um que pratica a fantasia, ou então, deve ficar restrito aos vídeos e fotos que os mais variados sites da internet podem mostrar. Para que algo saia do mundo virtual para o real deve haver uma consciência plena de quem está praticando, porque ninguém realiza fantasia alguma sozinho, e por isso, todo cuidado é pouco com quem está sendo levado a esse mundo através das mãos de quem tem a habilidade necessária para conduzir a relação. Então é hora de praticar uma bela fantasia sexual num quarto escuro, numa cama de Motel, enfim, em qualquer lugar sem “medo” de ser feliz.
(Foto de Riley Evans - bondageorgasms.com)

Um comentário:

  1. Muito bom texto. Esse é mesmo o medo bom, que causa descarga de adrenalina, o da antecipação... deixa a mente alerta, sentidos aguçados. Medo que impulsiona e nos torna corajosos.
    Bjs

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