quinta-feira, 3 de julho de 2008

Arte ou prazer?


Muita gente me pergunta se para praticar bondage é necessário ter plena noção de simetria dos nós ou, simplesmente, pode-se atar uma pessoa e praticar com ela o ato sexual.
De uma forma geral, essa dúvida vem sempre de pessoas que têm o primeiro contato com assunto e são pouco informadas a respeito.
De fato, imobilizar uma pessoa para o ato sexual, preliminares, ou o que possa ser denominado, não necessariamente significa que os nós sejam delineados ou algumas posições tenham obrigatoriamente que estar em um estilo correto. A simetria dos nós tem um aspecto muito mais visual do que prazeroso.
Ninguém amarraria as pernas de uma mulher se quisesse alcançar seu órgão sexual com facilidade, porém, uma pessoa atada somente pelas mãos e pelos pés em posição reta, jamais teria um aspecto visual chamativo.
Pessoas que gostam de admirar a parceira sem nenhuma chance de reação devem preferir os nós bem dados, desde que nunca sejam nós cegos, e sim de fácil desenlace quando necessário. O fetiche é amplo e não permite crítica a uma ou outra opinião, apenas respeito.
Nessas horas, o que deve funcionar sob condição sine qua non é a imaginação de cada um e o único aspecto que deve ser observado é o prazer. Cada qual com seu cada um, isso é lógico e definitivo.
O apelo visual dos nós simétricos de bondage revela um pouco de voyeurismo em quem admira a parceira imóvel, sem defesa, seja antes, durante ou até mesmo depois do ato sexual. Existem pessoas que só conseguem atingir o orgasmo numa relação de bondage, ao ver o desenho que os nós provocam na pele da pessoa imobilizada. Os cursos para iniciantes da prática de bondage são diversos e basta uma olhadinha na internet para saber por onde andar. Recomendo que a prática seja sempre acompanhada de um bom conhecimento do assunto, principalmente, por tratar-se de um fetiche que envolve imobilização total da pessoa submetida.
Certa vez, ao começar a amarrar uma parceira para uma seção de bondage, escutei bem baixinho ela dizer que aquilo a estava deixando “molhada”, mesmo antes de qualquer carícia sexual. Essa pessoa nunca tinha tido qualquer contato com fetiche, senão em filmes quando via cenas reais de imobilização que nada se relacionava com sexo.
Por outro lado, já vi comentários de muita gente que se impressiona com a paciência que se deve ter para gastar tempo imobilizando uma mulher e só depois começar qualquer tipo de contato sexual com ela. Nesse caso, por que não atar somente as mãos à cabeceira da cama e começar a festa? Certo, se bondage não fosse um fetiche talvez essa idéia realmente fizesse sentido. Pergunte a um podolatra o porquê de gostar de uma mulher calçada em cima da cama quando ela poderia já estar descalça.
Ser fetichista é ser diferente e ser diferente é muito melhor do que ser igual.
A conclusão que se chega é de que sem importar a posição, a forma, a beleza, a simplicidade, bom mesmo é deixar rolar cada gota do que possa ser bebido do néctar de simplesmente gostar de tudo isso.

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