terça-feira, 10 de junho de 2008

Na hora de falar do Fetiche


Muito fetichista conhece parceiros (as) em encontros, palestras, workshops ou clubes de fetiche, entretanto, há os que conhecem parceiros (as) fora do mundo do fetiche, pessoas até, que nunca ouviram falar de BDSM, Podolatria, bondage e outros. Porém a coisa rola, segue em frente e vem a inevitável paixão fazendo com que essa relação torne-se duradoura e afetiva. Haverá um momento em que ou o fetiche entra direto na relação, ou a relação vive sem o fetiche, ou simplesmente acaba, sem que sequer tenha havido menção a esse tipo de assunto.Dentro dessa ótica, é condição de sobrevivência da relação que haja uma conversa franca e aberta a respeito do assunto. E como abordar o tema? Claro que aqueles que vivem nesse mundo e tem o fetiche na veia, tentarão de todas as maneiras encontrar uma brecha para levar ao conhecimento da parceira (o) o assunto. Nessa hora, ideal seria usar da sinceridade e colocar na conversa todo o sentimento sem esconder uma vírgula, para que não se comprometa a relação. Risco maior seria deixar esse assunto de lado e tentar convencer aos poucos a pessoa ao lado, da necessidade da relação sexual acompanhada de certas “taras” e manias pouco compreendidas pela sociedade. Na verdade, um (a) fetichista não pode ter vergonha de expor seus anseios e buscar o limite da pessoa com quem se relaciona, mesmo sendo um assunto muito delicado para quem nunca ouviu falar. Não há maneiras de imaginar um convívio com alguém onde exista uma mentira quase impossível de esconder. Todavia, por mais que essa parceira (o) tente realizar as fantasias do casal, sempre haverá um limite a ser observado, assim como numa relação onde haja os dois fetichistas. Entra então o principio fundamental da consensualidade, onde o direito do primeiro termina quando o do segundo começa. Fetiches como podolatria são muito mais fáceis de expor do que alguns outros como o próprio SM. Para uma parceira, não é empecilho algum colocar uma bota, uma sandália e entrar no mundo do fetiche. Porém, fica um pouco mais complicado quando se vai para o trampling, quando existe o fetiche por chulé ou até mesmo quando se fala em dominação. Mas nisso tudo sempre haverá acima de qualquer coisa o gostar, que muitas vezes leva a pessoa a adentrar na vida de quem está junto, buscando uma maneira de encaixe onde as duas peças possam fluir com harmonia. Para isso, existem os clubes e os encontros, onde essa pessoa que está conhecendo um mundo novo, poderá sair de dentro de quatro paredes e observar que esse mesmo mundo abriga muito mais pessoas do que aquela com quem está se relacionando. Acima de tudo, há que se ter muita confiança a quem se expor na hora de conversar a respeito de tema fetiche. Não que ser fetichista seja algum demérito ou algo parecido, apenas porque deve ser pensado que você estará levando ao conhecimento de alguém algo que até então estava reservado a você e a um grupo seleto de amigos e amigas, os quais vivem sobre as mesmas regras e conceitos. Nunca espere pela benesse da pessoa a quem se está confiando esse segredo. Ninguém se deixaria amarrar e ser chicoteada (o) por alguém pela simples razão de realizar algum desejo secreto. Uma relação fetichista tem que ser plena e duradoura e não pode deixar a desejar em momento algum, sob pena de corroer de forma irreversível. Há casos em que o fetiche é pleno quando a relação começa e desaparece quando se aprofunda. Isso porque o fetichista jamais perderá o interesse, enquanto a parceira (o) poderá um dia achar tudo isso muito chato e monótono.
Concluindo, é muito mais fácil entrar no assunto do fetiche com alguém que se gosta achando que o tema a ser abordado é muito normal e, que ser fetichista não significa que você tem um monstro guardado pronto a sair a qualquer momento, causando sofrimento a quem possa estar ao seu lado. Ser fetichista é ser uma pessoa como outra qualquer, desde que cada um saiba viver dessa forma sem atropelar o sentimento dos outros e, acima de tudo saiba se impor, principalmente, conhecendo a fundo o mundo do qual faz parte. O importante é ser feliz e viver o momento do prazer intenso ao lado da pessoa que se ama, mesmo que seu tesão possa parecer estranho aos olhos de quem nunca ousou experimentá-lo.

ACM/RJ

Um comentário:

  1. Excelente abordagem!

    Expressa muito bem minha "posição", pois além de Domme, sou extremamente fetichista, e é uma busca incansável/incessante encontrar um perfil de submisso fetichista, sim, pois pra mim não me basta que seja apenas fetichista, deve ser sub p/ atender meus desejos que apenas um fetichista, por vezes(maioria) não consegue !

    ResponderExcluir