quarta-feira, 1 de junho de 2011

Bons Ventos


O fetichismo não é complexo, mas as cabeças das pessoas sim.
Ser fetichista não significa ser praticante de BDSM, embora os praticantes sejam fetichistas em potencial. Complicado? Um pouco, mas basta entender.
Ressalto, sempre, que o fetichista citado aqui é aquele que insere fetiches em suas práticas sexuais. Porque o individuo pode ter fetiche por objetos que não necessariamente se enquadram em atividades sexuais.
Portanto, o universo fetichista está sempre disposto a receber novos inquilinos que queiram aprender a lidar com o fetiche apimentando suas fantasias eróticas. Estas pessoas normalmente são chamadas de baunilhas. Embora eu nada tenha contra esse termo, desde que não haja uma conotação pejorativa, muitas vezes admito que em conversas fechadas essa palavra é proferida com ares preconceituosos. Ora, não é leviano afirmar que os praticantes de BDSM detestam ser taxados de pervertidos ou doentes pelo planeta fora desse gueto, então, por contrapartida, não deveriam utilizar da mesma retórica ao se referir a pessoas que chegam com o claro interesse de descobrir o que existe deste lado dos trilhos.
Essa guerrilha ideológica ou patrulhamento excessivo leva determinadas pessoas a diminuir seu circulo de amizades, e por conseqüência, traz um isolamento, porque nem todas as chegadas e partidas são idênticas e existem comportamentos passíveis de compreensão.
Por mais “descolada” que seja a pessoa a timidez é regra básica de conduta dos recém chegados. A transição leva tempo, e a acolhida sincera e afetiva é o melhor caminho.
Conheço pessoas que nasceram com sonhos e interesses fetichistas correndo nas veias, e outras, que ao longo dos anos, descobriram atração sexual pelas chamadas vibrações extracorpóreas latentes. Uma amiga, advogada, me revelou que aos trinta e nove anos se viu atraída por práticas sadomasoquistas depois de ter contato com a literatura a respeito do assunto pela primeira vez.
É fácil concluir que minha amiga até se achar no meio era uma verdadeira baunilha como costumam chamar.
Claro que pra toda regra existe exceção, por isso, o universo fetichista também recebe alguns aventureiros toda vez que abre suas portas. Pessoas que se valem de apregoar dotes que não possuem em busca de sexo fácil ou outros que contam vantagens e se vêem em palpos de aranha quando são chamados as práticas.
Porém, costumo dizer que toda vez que percorro a rede e encontro um blog com um bom conteúdo de BDSM rapidamente adiciono ou dou as boas vindas a quem chega. Do outro lado da tela, os escritos e fotografias talvez representem apenas o retrato da vontade de quem cria o espaço ou podem conter uma dissertação de práticas vivenciadas, o que pouco importa, porque de um jeito ou de outro é um sinal claro que bons ventos me levaram a conhecer o que pensa um correlato.
Esse mundo novo cresce a passos lentos por essas bandas. Isso é fato. Carrega também consigo algumas críticas, leves e pesadas, de praticantes que desconhecem algumas origens ou porque se encontram fora do que a sigla BDSM determina como base. Um adorador de pés, por exemplo, não se sente dentro do contexto do BDSM porque seu prazer não vem seguido de doses de submissão ou dominação. Ele adora os pés e nada mais.

Entretanto, para esses e outros casos a equação se resolve de forma simples: a sigla BDSM se fizesse referência a todas as manifestações fetichistas que se tem noticia, seria imensa, interminável, e seria chamada de “sopa de letrinhas” devido a sua longa extensão.
O que vale é se adequar, participar e encontrar quorum naquilo que se imagina praticar dentro de um rumo do que a sociedade taxa como desvio, e algumas vezes até como algolagnia.
Resumindo, abrir as portas e receber bem quem chega é muito mais que uma obrigação.


É praticar BDSM sem culpa, sem preconceito e sem barreiras. Essa regra vale para festas, espaços cibernéticos, encontros e pra todos nós que há mais tempo fazemos uso desse meio por simples opção.

2 comentários:

Lollis Riviera disse...

Bom dia meu Insano Senhor,

Passando para dar um olá às suas zorbas, tentativa de me redimir.

Saudades... beijos desta Pequena Dama.

ACM disse...

Boa noite minha pequena Dama

Jamais imagine que necessita se redimir, uma vez que essa tarefa é exclusividade minha...

Beijos cheios de saudades do tamanho da Belém-Brasilia

ACM :)