quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Agonia dos Limites


Basta abrir os olhos de manhã pra perceber que existe um novo desafio à nossa frente. Algumas vezes simples, outras mais complicado, mas viver os desafios ou vencer os limites do dia-a-dia é sempre uma tarefa, árdua ou não.
Certos desafios nos impõem limites. E todo dia é assim.
Uns gostam e alguns detestam, porém faz parte da vida. E apostar em encarar o sexo com erotismo é sempre um desafio a mais. Embora prazeroso, é preciso vencer alguns limites.
O primeiro desafio é o medo. Muita gente tem medo de encarar sentimentos, principalmente aqueles que a sociedade taxa, renega e rejeita. Ninguém quer se sentir um rejeitado, obrigado a viver relegado a escombros sociais por preconceito ou vergonha.
A primeira pergunta que vem a cabeça é: como vou olhar pra minha família, para meus filhos?
Daí vem o primeiro passo que a principio é o grande desafio.
Só que até chegar a esse ponto alguns fetichistas travam batalhas inglórias contra eles mesmos, abusam de desculpas e colocam sistematicamente a culpa na preservação. E assim que vencem a barreira adentram num universo tão desejado quanto um filho pródigo e se esbaldam numa carreira desenfreada como se cada dia fosse o último. Neste ponto, muitos quebram a cara, vivem conflitos e alguns nunca mais retornam. É preciso ter persistência e harmonia de pensamento, que só o profundo conhecimento é capaz de trazer.
Então é hora de fazer valer a própria vontade, o desejo que os trouxe até aqui.
A Internet ajuda. Os sites de relacionamento são um convite farto e o fetichista descobre através das redes sociais que não está sozinho, que muitos têm os mesmos problemas.
É hora de escolher um nome, o chamado “Nick” e conseguir um avatar que esteja alinhado com a fantasia que ele pretende viver. No perfil, fotos da rede são colocadas quase diariamente e retratam tudo aquilo que se espera ser parte de um universo restrito, ainda, ao campo da imaginação.
Até que chega finalmente à hora de dar os primeiros passos reais, transportar a fantasia do imaginário para vivê-la entre quatro paredes. A primeira experiência real, aquela que ninguém esquece e que vai ficar guardada a sete chaves, relembrada ainda que suplantada posteriormente por outras bem sucedidas.
O fetichista estará diante de seu segundo grande desafio: saber o seu próprio limite diante da fantasia e da parceira.
Até onde a submissa (ou o submisso) vai suportar os castigos? Onde está o limite da dor para o masoquista? E o sádico, qual a barreira a ser transposta?
Será que o bondagista sabe onde terminam todos os desenhos e nós?
Diante dos limites os fetichistas precisam refletir. E isso vale pra todos. Podólatras, exibicionistas, voyeurs, infantilistas, enfim, a lista é extensa e a reflexão iminente. A busca por ultrapassar os limites e vencer desafios pode ser benéfica por um lado e prejudicial por outro, uma vez que os limites de uma relação podem ir de encontro a uma segunda tentativa em caso de insucesso. O que um dominador impõe a sua parceira pode não ser o mesmo que um segundo imponha a mesma. Portanto, é preciso entender que o limite pertence àquela relação, mas numa segunda chance as coisas podem caminhar de forma distinta.
Vencer os limites é válido desde que não se torne uma agonia ou obsessão.
Durante muito tempo meu objetivo foi fazer uma amarração perfeita, usar as cordas como castigo ou fazer delas a razão do tesão de algumas mulheres.

Antes disso também exorcizei fantasmas e briguei com o espelho, mas nunca perdi a esperança de um dia vencer os desafios que o universo fetichista me mostrou.
Ainda há desafios pela frente e limites a superar.
Assumir o lado B já foi uma etapa difícil e acho que depois disso tudo fica muito mais simples.
Quem sabe o próximo passo esteja em produzir um filme que me dê tanta satisfação quanto The Resort? Pois é, quem sabe?

As fotos que ilustram o artigo de hoje são uma homenagem a um grande parceiro: Robert Deane do site Bondage Damsels.
Keep your good work Robert!

4 comentários:

princess kitty disse...

Olá ACM!

Como sempre análise perfeita.
Pra mim apenas o fato de ter saído da fantasia e vivido o real foi uma grande quebra de limites. Como você tão bem exemplificou as barreiras que a sociedade e nós mesmos nos impomos,as vezes são dificeis de superar. Hoje eu consigo separar bem meus dois "mundos" pra evitar que eles se choquem rsrs

Quanto aos limites dentro das relações, acho que devemos saber até onde queremos ir e até onde isso vai nos proporcionar prazer, tendo consciência disso e de nós mesmos, temos de tentar, experimentar.Só assim saberemos.

E torço para que você esteja nos presenteando logo, logo com um novo filme que te cause tanto frison ao produzi-lo quanto o outro causou.

Miaubeijos=^.^=

ACM disse...

Olá Princesa

Sábias palavras.
A idéia do limite é essa mesmo: buscar o prazer.

Quanto ao filme, ainda que seja perfeito é como eu disse no texto; o primeiro a gente nunca esquece!

Beijos agradecidos por sua marcante presença.

ACM :)

princess kitty disse...

Oi ACM!

Voltei dessa vez, para te agradecer pelas tuas palavras em meu post de hoje.

Muito obrigada, as vezes a gente vê, a gente sabe o que precisa ser mudado, mas não conseguimos.

Precisamos das palavras dos outros, como as suas, para podermos entender definitivamente como você disse que qualquer mudança, medo ou receio é reflexo do que sentimos.

E que no final o que importa é ser feliz , seja da maneira que for :D!

Me fez muito bem ler seu comment, miaubeijos querido =^.^=

ACM disse...

Olá Princesa

Fetichistas se acham, se entendem e se ajudam.

As palavras foram sinceras e servem para todos nós, mesmo que seja em épocas diferentes.

Uma pessoa com a sua alegria deve sempre ficar longe dos conflitos. Embora a gente saiba que existam, o bom mesmo é ser feliz.

Ter você como amiga já é pra mim uma grande alegria.

Vá em frente. Força não te falta.

Um grande beijo, querendo te ver sorrindo

ACM :)