
Há dias em que o carro pega no tranco. As coisas quando não funcionam bem e o melhor é partir em busca de algo que mude um pouco a prosa e cause um vazio, para que dentro dele seja possível compor um novo enredo.
Sempre analisei a vida através de compassos. E tem dado certo, ou pelo menos, há meio século dá certo.
E em meio a essas escapadas em busca de ar fresco, as conversas com amigos sempre surtiram um belo efeito. Os papos atraem pensamentos e nessas horas é legal cruzar com semelhanças e coincidências. Nada refresca melhor minha cabeça que fetiche. Não é uma questão única de prazer, há outros, é sim, um exercício de satisfação. Ora, a coisa é prática: não se deve encostar em árvore que não dá sombra, por isso, nada melhor que chegar perto da felicidade para se sentir bem.
Pois se alguém está feliz já é um bom começo.
Então, é hora de achar semelhança naquilo que faz a felicidade de quem está perto para reencontrar o caminho, o sorriso. É legal ter amigos. Artigo que não se compra, ainda mais os que estão distantes.
Daí alguém te envia a fotografia de um trabalho e você depara com uma incrível coincidência. Daquelas de cair o queixo, onde cada detalhe tem o mesmo significado do que você imagina. O astral levanta, a veia pulsa forte e você sucumbe ao que seus olhos carregam pra dentro do pensamento. “Eu também faria o mesmo”.
Claro que existem outras indagações, pequenas observações que atuam como uma marca própria, mas num cômputo geral, o que importa é a ótica, o feeling, o abstrato que se torna real ao ser exibido. O fetiche faz mesmo a diferença pra quem gosta dele.
Há cenas que eu gostaria de ter criado, isso é fato. Por um lapso em algum momento escapou, mas quando vejo o trabalho de um parceiro de uma forma que eu acho perfeito, tenho duas escolhas: procuro fazer igual ou tento aperfeiçoar ao meu gosto. Isto não significa que encontrei qualquer imperfeição no que foi visto, admirado, pelo contrário, porque ainda que o trabalho sirva como um ponto de partida, mesmo assim vou considerá-lo intocável.
Já ouvi muita gente dizer por aí que fetichista é chato, aliás, todo detalhista é um chato mesmo. Jamais renegaria tal condição, porém, mantenho minha chatice dentro do meu próprio ego. Evito extravasar pra não me tornar um pela saco.
Por isso, é legal buscar a conversa onde há quorum.
Escrevo para muitos fetichistas, não faço distinção, embora tenha as minhas convicções. E dentro do fetiche de bondage me encarrego de ter as minhas preferências de forma discreta, procuro o diálogo com quem pensa parecido, já que dessa maneira fico com a impressão de que não estou enchendo o saco de ninguém.
Pior seria sair por aí pregando em praça pública em cima de um caixote...
Outro dia dois amigos podólatras conversavam sobre preferências. É engraçado, porque consegui ver tanta semelhança e diferença que nem eles perceberam, tamanha era a vontade de simplesmente falar do fetiche.
De volta à vaca fria, toda essa retórica serve pra ressaltar o trabalho amador. Pessoas que expõem suas práticas.

As fotos que ilustram esse artigo foram cedidas por um amigo. Tão anônimo como qualquer um que vista o blog, lê os textos e depois navega para outro lado. Vale apreciar o fetiche de uma forma singular, que pode ser muito eficiente e visualmente perfeito pra mim, mas nem tanto para outros que pensam o bondage de uma maneira totalmente diferente.
2 comentários:
olá nobre Dom,
passadinha meio que "plagiada" em suas ações...rss
vim refrescar minha cabeça com seus relatos proseados, esses que me fazem sentar confortavelmente para ler ouvindo-te....*pisc
bjs respeitosos
{ternura}_WOLFMAN
Olá Ternura
Pois é, são essas "passadas" que me fazem escrever todos os dias, ainda que o tempo e os afazeres sejam sádicos.
Beijos e Obrigado
ACM :)
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