segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O Que é Demais…


Não pensem que essa é uma conversa de bêbado, muito menos que me mudei para o mundo da lua. Nada disso. A idéia é apenas perguntar: o que é demais enjoa?
Discutia com um amigo no sábado a esse respeito.
Porque conheço gente que sonha com determinadas coisas e depois que as têm simplesmente as ignora, como se jamais tivesse sido algo inimaginável, o supremo a ser alcançado.
É como o sujeito que sempre sonhou em ter um automóvel de certa marca, e quando consegue seu objetivo, passado algum tempo o deixa de lado e olha como se fosse um fruto cobiçado que perdeu o sabor.
Seria possível que o objeto do desejo, o fetiche, tenha o mesmo significado para alguns?
O cara passa a vida flertando com imagens e não as tem. Nem supõe que um dia haverá uma rede internacional de computadores capaz de interligar o planeta. É louco por mulheres em apuros, amarradas e amordaçadas. Passa noites garimpando um filme de ação para saborear um, dois ou no máximo cinco minutos de uma moçinha em perigo. Sente-se realizado ao topar com uma cena que jamais esquecerá pelo resto dos seus dias.
O tempo passa, o futuro chega.
Ele acessa o fetiche favorito na Internet e tudo está ao seu alcance.
Não é preciso mais perder horas de blá, blá, blá para ver sua heroína. Ele agora tem aos montes, de todas as formas. Como ele encara tudo isso?
Torna-se um colecionador e um dia repassa todas as cenas ou não liga tanto assim? O fetiche ficou tão “vulgar” que para esse sujeito virou uma paisagem que ele observa, com bons olhos, claro, todas as vezes que sai de casa, ou o fetiche é, ainda, parte da sua vida, capaz de fazer com que algumas horas do dia sejam concedidas a ele?
Muita gente deve estar atrás dessa resposta.
Acho que é válido um momento de reflexão. É bom notar que estou me referindo ao fetiche quanto ao impulso, a imagens, nada a ver com o fetiche enquanto prática, apesar de não haver distinção, pois esse fenômeno pode ocorrer nas duas vias.
Nem é bom pensar que isso é um fator exclusivo de bondagistas, incapaz de ocorrer em outros segmentos. O fetiche é igual pra todos, mudam somente os gostos e tendências.
Assim como um podólatra começa a engatinhar no fetiche olhando para um pé, o bondagista tem seus primeiros contatos com o fetiche nos filmes, durante a fase adolescente. Os sadomasoquistas idem, e assim por diante.
Quando esses aspectos são transportados para o lado comercial a balança pesa brother, e muito. Daí eu corto na própria carne, aliás, como o fiz aqui, faz umas duas semanas, quando falei em reciclagem.
Sábado passado entrei em estúdio e mudei alguns conceitos. Pensei em coisas novas e o resultado me agradou. Porém, há que analisar uma diferença importante: o site, o Bound Brazil, comercializa o fetiche de bondage apenas num aspecto: damsels in distress. Pronto.
Não há love bondage. Porque não existe sexo nas cenas, apenas meninas em apuros.
Eu não gosto de classificar como love bondage o jeito suave de apresentar o fetiche, a não violência. Embora respeite o conceito de alguns fetichistas, pra mim love bondage envolve sexo, paixão e tesão. Deve ser praticado entre fetichistas que querem viver essa fantasia durante o ato sexual.

Mas alguém pode dizer: os sites, desse segmento, mostram o que pode ser um começo. Concordo, sempre, afinal tudo pode começar numa brincadeira de rapto.
O efeito fetiche não me causa enjôo. Jamais me passou pela cabeça tal reação. Gosto de observar, de buscar a perfeição, de analisar o que as pessoas querem ver e, principalmente, o que gosto de fazer. Dentro e fora do site, da mesma forma.


Mas fica valendo refletir. Às vezes o que parece um lugar comum, é apenas um indício de que as coisas precisam ser revisitadas como as imagens que ilustram esse artigo. Duas preferências. Basta optar por uma delas.

3 comentários:

ternura disse...

Nobre ACM,

Não entra na minha cabeça, alguém que se dizia apaixonado, tarado, louco, ou seja, viciado nesse tipo de imagens, simplesmente enjoar, não consigo achar isso possível....(meu foco é exclusivo no objeto fetiche).

Eu posso até ser um exemplo de minha afirmação, pois sempre fui uma viciada em imagens SMs, meu primeiro conhecimento sobre o tema foi por meio das imagens. Comecei com as imagens do grupo de spanking do Yahoo, há 4 anos sou praticamente real e jamais enjoei de minhas imagens (ainda visito o grupo para revê-las) e mesmo busco sempre algo novo.

Em relação a sua morada, extremamente aconchegante e acolhedora, não poderia unir os dois aspectos tanto damsels in distress quanto o love bondage?...como uma viciada convicta em imagens e com muito orgulho, iria gostar de ver tais cenas...*pisc

Que sua semana seja maravilhosa
!!
bjkas ternas
{ternura}_WOLFMAN

ACM disse...

Querida Ternura

Há pessoas que enjoam. Creio que a veia fetichista nesses casos não esteja totalmente sedimentada. As pessoas às vezes abraçam uma causa, um fetiche, sem muita convicção.

Quanto a mostrar love bondage no site vai além do desejo. Isso implica até em mudança de faixa de classificação do site lá fora.

Mostrei no filme The Resort, mas como está sendo vendido a parte, não entra no quesito assinatura, mas qualquer mudança de estilo do site gera tanta complicação que vale ficar só na vontade, ou deixar pra discutir isso fora do aspecto comercial.

Mais uma vez agradeço seu comentário pontual e inteligente.

Beijos
ACM

Anônimo disse...

Oi ACM
Não poderia deixar de participar dos comentários desse artigo que são altamente relevantes.

Eu vejo vários pontos aqui: Primeiro acho que começa
na famosa diferença entre homens e mulheres, fetichista ou não, a natureza construiu o macho da nossa espécie de forma a aumentar ao máximo as suas chances de propagação dos seus genes. Em termos mais simples, por mais feliz que alguem esteja com sua parceira, a necessidade da novidade chega cedo ou tarde. Isso de uma forma ou outra pode acabar acontecendo com as mulheres mas demora mais, ou as vezes nem acontece.

Agora, com relação a taxa que isso vai acontecer, estou de acordo com você que o trabalho incrível desses sites extrangeiros cada vez "sobe o nível".

Eu me lembro claramente de ficar completamente excitado com a cena de amarração de "The boogieman" da década de 80 ou do Massacre da Serra Elétrica (O original).
Hoje em dia, se não tiver nudez completa e muitas cordas já fica difícil me interessar....ou entao uma trama excelente.

Mas ai, qualquer desses sites, em algum momento fica monotono também, pois em geral todos seguem algum estilo e ficam. Nesse ponto, tenho duas sugestões aos seus leitores:

1 - Fazer variações nos estilos: AESProductions por um tempo, depois FMConcepts, pular para DominicWolfe... veja que cada um desses tem seus estilos....

2 - Usar a "Dieta do Sal"... Se vc tem uma excelente cozinheira, tem uma hora que tudo vai ser tao bom que ao mesmo tempo tudo vai parecer ruim (como disse o vilão dos "Incríveis" - Quando todo mundo for Super, ninguem mais será). Ai o que eu faço e tirar o sal da comida por 1 mes...e depois volto em doses menores.... a comida parece maravilhosa.... Acho que vc entendeu... nada que se afastar do fetiche por um tempo, curtir o Vanila um pouco... Parar o cigarro um tempo.... as coisas voltam a ter gosto.


Do seu amigo Jonas