
O telefone tocou umas três vezes até que uma voz suave apareceu na linha:
- Alô!
- Com quem eu falo?
- Quer falar com quem?
- Na verdade, é sobre o anúncio no site, gostaria de detalhes de como funciona e coisa e tal.
- Mas você quer falar com quem?
- Com a Érica, como diz o anúncio...
- Sou eu, nesse anúncio que você está vendo eu sou a Érica, sabe como é...
- Ok, então é contigo. Queria saber quanto vai me custar umas duas horas de sua companhia.
- Bom, sai por duzentos e cinqüenta mais o táxi e depende de onde você estiver, porque não é qualquer lugar que eu “atendo”.
- Estou no Centro e vou marcar contigo num motel na Praça Mauá. Pode ser?
- Pra que horas?
- Seis da tarde, mas tem uns detalhes que acho legal acertar pelo telefone.
- Eu não faço anal (?)...
- Nada disso. Eu gosto de fetiches e queria saber se você topa algumas brincadeiras...
- Que tipo de fetiche?
- Gosto de amarrar, fazer sexo com a mulher amarrada, essas coisas...
- Sadomasoquismo? Nem pensar!
- Nada disso, eu gosto de bondage, não curto sadomasoquismo.
- O que é isso?
- Deixa pra lá, na hora agente se entende e eu te explico.
- Ta legal, às seis então?
- Combinado.
O telefone desligou e PC estava convencido de ter feito um excelente negócio, afinal por cerca de trezentas pratas duas horas de prazer intenso estavam garantidas.
O fetiche de aluguel algumas vezes funciona, assim como uma roupa que se aluga para uma festa, tipo um Smoking que você tem a certeza de que só vai usar uma vez. Por mais que seja uma loteria, porque na verdade só existe uma voz do outro lado da linha, com jeitinho é possível viver uma aventura condizente que termine na realização da fantasia. Pode até rolar um bis, quem sabe...
Na hora marcada ele estava lá. Entrou sozinho pela garagem, pediu uma suíte e tratou de explicar que alguém estava a caminho e deveria ser levada ao seu quarto. Retirou seus apetrechos fetichistas duma mochila, tomou uma boa ducha e esperou o telefone tocar para receber sua parceira.
Embora não parecesse tanto com a fotografia que ele havia visto na internet, aquela garota esbelta na casa dos vinte e poucos anos estava bem vestida e sorridente. Pediu uma bebida, solicitou um clima a meia luz e, como de costume, aproveitou a musica para um strip-tease.
Mas o bravo PC queria outro tipo de festa, por isso apresentou suas armas e continuou a conversa sobre o fetiche trazendo nas mãos um novelo de cordas.
Foi a senha para a garota pular mais do que pipoca na panela e fugir das cordas como o Diabo da Cruz.
- Você ta maluco se pensa que vai me amarrar com esse monte de cordas!
- Calma, vamos conversar...
Nem deu tempo do PC tentar se explicar. A mulher queria ir embora no ato e foi preciso muita habilidade para mudar o panorama. Com extremo cuidado, ele procurou acalmar a menina mostrando fotos em seu laptop, onde apresentou o fetiche como um jogo de adultos, algo capaz de incrementar uma relação e realizar sua fantasia.

Nos encontros seguintes a coisa foi esquentando de acordo com a confiança mutua e PC se aventurou em posições mais ousadas praticando seu fetiche de forma plena e consciente.
O problema é que o PC não se emenda e continua navegando pela internet sempre a procura de novas emoções. Como ele mesmo admite a conquista do convencimento para a prática representa quase 99% do prazer, e o resto é apenas complemento.
É, pode ser que tenha mesmo algum sentido... Vai saber...
Um comentário:
O Ministério do prazer avisa:
Uma aventura deste tipo 3 vezes por semana é o ideal para a saúde física e mental de qualquer bondagista.
gde abraço
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